sábado, 6 de novembro de 2010

FILME: NADA É PARA SEMPRE

"QUANDO AS MEMÓRIAS NARRAM EXPERIÊNCIAS"

As memórias individuais constroem imagens que ultrapassam o individual, sua subjetividade perpassa pelo coletivo. O filme 'Nada é Para Sempre' dirigido pelo cineasta Robert Redford, que fez uma adaptação baseada em um livro autobiográfico de Norman Maclean, é um belo exemplo disso.

O coletivo é representado quando, Norman vai trabalhar em uma reserva florestal, porque os homens que estavam ali antes, tinham ido para a 1ª Guerra Mundial; em outra cena, Norman fala que pai de sua namorada está falindo, embora seja dono da única venda/mercado da localidade, essa era uma evidência de que a queda da bolsa de valores os afetavam, assim como afetou o mundo todo; ambientado no início do século XX, emMissoula, Montana, o fato da índia namorada do irmão de Norman, Paul, é uma demonstração do massacre aos índios no território norte americano. São exemplos de que o coletivo altera o individual, embora apareça de forma sutil na narrativa.

O filme proporciona um mergulho diegético, ou seja, leva o expectador a se perder naquilo que ver, de tal modo que ele não se envolve na História coletiva, que entrelaça com a história de vida representada na trama.

Nessa obra de arte, nada sobra, nada falta! Ao narrar suas memórias Norman evoca o passado, aquilo que foi mais significativo, ou seja, suas experiências. Ao escrever memórias, embora tenha sido vivida pelo próprio autor, ela nunca é real, é uma interpretação do passado, que ao ser vivenciado era só sentimento, o tempo racionaliza os acontecimentos.

Não é em vão que ganhou o Óscar de melhor fotografia. Os ângulos são perfeitos e o cenário ajuda, muitas cenas são filmada em plano aperto, as quais exploram bastante a beleza natural onde a família Maclean pescavam constantemente.

NADA É PARA SEMPRE. Título original: A river through it. Direção: Robert Redford. EUA: Columbia Pictures, 1992.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

GECI - O TRIUNFO DA VONTADE


O Triunfo da Vontade, o cinema na história. A o obra é um documento histórico produzido com o objetivo de divulgar o regime nazista, na Alemanha e retratar Adolf Hitler como épico. Vale ressaltar que foi o próprio Hitler que encomendou o documentário a diretora Leni Riefenshal, na busca de um olhar artístico e não puramente funcional. A propaganda da supremacia da “raça” ariana, é a maior responsável pelo espírito nacionalista dos alemães e pelo maior massacre xenofóbico da história humana.
A cineasta utilizou de algumas sutilezas para cumprir o objetivo de Hitler. Dentre elas, a chegada em um avião, as imagens feita de cima, transmite a ideia de um deus descendo do céu, tal como Cristo, a salvação da nação. Já as cenas dele no palco é filmada de baixo, dando a impressão de que ele é maior, superior. Algumas filmagens são feitas em ânglos fechados, em momentos em que ele transitava entre o povo, sobretudo, ao tocar as criancinhas, provavelmente para divulgar seu popularismo e conquistar a aceitação da ideologia nazista.
A gravação foi feita durante os três dias vividos por Hitler no Congresso Clímax para união da SA e SS. Entretanto, será que o Congresso foi feito para ser filma
do, ou foi filmado por sido realizado? Muito suspeito! Para piorar, o filme foi premiado sob encomenda do próprio Hitler com o Deustche Filmpreis.
No âmbito escolar, bem como na formação pessoal, esse documento histórico, favorece inúmeras possibilidades de estudo, por exemplo, o poder da propaganda, o poder do discurso/teatralizado, a formação da identidade de uma nação e uma reflexão em relação aos personagens – todos brancos, jovens e saldáveis.

domingo, 31 de outubro de 2010

COMENTÁRIO: CRASH - NO LIMITE


PRECONCEITOS NA TELA

No filme CRASH - NO LIMITE, O diretor canadense Paul Haggis reuni inúmeros personagens em diversas situações - o policial negro cujo irmão é um infrator; o chefe da polícia de Los Angeles que tem seu carro roubado por dois negros; o comerciante iraniano que contrata os serviços do chaveiro mexicano; o policial branco, cujo pai sempre ajudou os negros e acabou falindo, que aborda um casal negro de classe média alta e extrapola na abordagem da mulher.Com esses personagens ele apresenta as relações interpessoais e interraciais na cidade de Los Angeles.

Ter Los Angeles como cenário é bem interessante na discussão acerca do preconceito racial pois é pólo da imigração de várias culturas de diferentes povos. As colisões (crashes) são metáforas de como as diferentes raças e/ou pessoas interagem numa Los Angeles que superficialmente representa o ápice da democracia étnica, mas no fundo está longe de sê-lo.

O filme entrelaça várias narrativas, a princípio independentes uma das outras, entretanto não estão por acaso nas películas, pois ao se cruzarem denunciam a presença do etnocentrismo e como a alteridade tocam as pessoas que também tem múltiplas identidades.

A mensagem do filme é muito forte! Em resumo: ninguém é melhor que o outro e nem é bom em si mesmo. Então para que o preconceito?!

SÍNTESE: AS TIC NA EDUCAÇÃO


Com o advento da comercialização da internet ocorreram muitas transformações sociais, as quais perpassam pelo âmbito da educação escolar. Segundo pesquisa realizada por Rosane Albuquerque dos S. Abreu essa popularização mexe com o cotidiano escolar, sobretudo na relação professor, aluno e a produção do conhecimento.

Para muitos professores o novo causa medo ao mesmo tempo em que lamentam a perda do poder sobre os conteúdos que hierarquicamente detinham até em tão, visto que, seus alunos estão anos luzes à frente no manuseio da máquina e a curiosidade pelo novo, de modo
que suas percepções neste ambiente possibilitam maior agilidade em fazer inúmeros links, afinal são nativos na/da rede.

Os professores pesquisados alegam que estão sob a pressão mercadológica, a pressão dos pais e a pior pressão de todas – a pressão dos alunos. A garotada quer atividade relacionada ao mundo deles, alegam alguns docentes, porém não admite a inversão de papéis na hierarquia do saber, obedecendo a concepções de ensino e aprendizagem que defendem o professor como detentor do saber. Agora é a vez da meninada nos ensinar!

Vivemos novos tempos, portanto novos espaços. Carla Imenes trata desses dois termos paralelamente – tempo/espaço. Lembra que, na concepção medieval o espaço aparece como algo dicotômico, portanto qualitativo. Na perspectiva da modernidade o espaço é visto de maneira linear e o tempo uniforme e nega o sujeito, pois o mesmo não interfere no seu transcorrer. Ambas as concepções não supri as necessidade atuais, pois a autora partiu do princípio de que um mesmo local constitui múltiplos espaços ao mesmo tempo, daí o termo tempo/espaço.

"Neste sentido, utilizamos o termo tempo/espaço para representar as relações intrínsecas entre os múltiplos espaços e tempo do cotidiano escolar, com o intuito de pensar que usos as pessoas fazem das diferentes tecnologias e que redes de saberes são formadas nos processos múltiplos e distintos que se estabelecem dentro das inúmeras interpretações que os sujeitos criam e recriam – em seus contatos cotidianos com os outros e com os instrumentos tecnológicos – tecem, destecem e retecem, nos espaços e tempos escolares". (IMENES, 2002, p. 118)

O tecer, destecer e retecer da tecnologia nas escolas em muito vai depender das concepções de ensino e aprendizagem dos docentes, pois os mesmos correm o risco de se instrumentalizarem com todo o aparato maquinário que existe disponível no mercado, entretanto continuar na mesmice.

É necessária a politização do docente para perceber as relações de poder que vão sendo estabelecidas dentro da escola – quem tem acesso às máquinas? Quem e como é decidido o seu uso? Facilmente elas podem se transformarem em mobiliaria para enfeitar a escola e também denunciarem as intenções do docente em deter o saber em suas mãos, portanto

"Nas práticas cotidianas, professores e alunos produzem histórias singulares e imprevistas, vão experimentando, readequando e modificando, por meio da criatividade, as diversas tecnologias. Os usuários ou receptores não as recebem de forma passiva e homogênea. Cada um vai ressignificando, de acordo com as possibilidades, os limites, os interesses e os valores presentes (ocultos) nas múltiplas e complexas lógicas do cotidiano". (IMENES, 2002, p. 120)

Portanto mais do que aprender a técnica, faz-se necessário aprender a otimizar o uso da tecnologia e também, não utilizar a falta dela como pretexto para desqualificar a aula/aprendizagem. Pois a ênfase deve ser nas relações estabelecidas com a tecnologia, não com o objeto. É nessa perspectiva que Imenes defende o conhecimento-emancipação, pelo viés da racionalidade estético-expressiva, ou seja, professores e alunos utilizam as tecnologias como meio para potencializar as ações coletivas, todos os sujeitos envolvidos têm voz – alunos e professores, em uma relação horizontalizada.

REFERÊNCIAS:
ABREU, Rosane Albuquerque dos S. "Cabeças digitais" um motivo para revisões na prática docente.São Paulo: Loyola, 2006.

IMENES, Carla. Os espaços/tempos do cotidiano escolar e os usos das tecnologias. in: LEITE, Márcia; FILÉ, Valter (orgs.). Subjetividade, tecnologias e escolas. Rio de Janeiro: DS&A, 2002.

RESENHA


A MENOR MULHER DO MUNDO

RESUMO:

O pesquisador francês Marcel Petre encontrou no coração da África o menor povo do mundo, mais especificamente, os menores Pigmeus. Sua pesquisa foi intitulada – A menor mulher do mundo. Pois ele tivera contato com uma mulher, madura, grávida, de apenas quarenta e cinco centímetros, a qual ele denominou como pequena flor e ao descrevê-la disse que era “escura como um macaco”, em outro momento ela foi comparada também a um cachorro por conta dos seus pés espalmados.

A foto de pequena flor em tamanho real nos jornais, em pleno domingo, chocou muitas famílias, que usaram alguns adjetivos referindo-se a pequena flor, por exemplo, coitadinha, tristinha, coisa, negra, calada. Alguns a desejava como seu brinquedo, outros lembravam que ela teria o menor bebê preto do mundo.
Quanto ao pesquisador, esse ficou constrangido ao vê-la coçando em suas próprias partes intimas e causou-lhe mal estar ao vê-la ri. Certamente ela ria porque alguém diferente dela aproximava-se e não queria comê-la, como fazia os Bantos e os animais selvagens. Para se proteger desses ‘predadores’ ela e seu povo morava em árvores bem altas e só desciam para buscarem alimentos ou para dançar ao som de um tambor. Sua comunicação era breve, mais com gestos, entretanto o pesquisador conseguiu se comunicar um pouco com a pequena flor.

A pequena flor amava aquele homem amarelo, grande e amigável, bem como sua bota e seu anel, o amor ao material não interferia no amor à pessoa entre os Likoualas, assim como o era no mundo dos franceses.

ANÁLISE ANTROPOLÓGICA DO CONTO:

O pesquisador Marcel Petre usa o método etnográfico no seu trabalho. Observador e curioso faz anotações acerca das suas descobertas, entretanto atribui valores ao que ver, um exemplo é quando compara à mulher que encontrou a macaco e cachorro, uma evidência de etnocentrismo, pois considerava seu grupo cultural superior ao dos Likoualas, reduzindo-os a animais. Os Likoualas enfrentavam ainda os Bantos que os reduziam, apenas, a alimento.

Como todos os seres humanos os Likoualas também tem sua própria identidade. Caracterizam-se por sua linguagem breve e simples, a comunicação é por meio de gestos para complementar as poucas palavras; lutam pela sobrevivência, residindo no topo das árvores e descendo para buscar alimentos; e a espiritualidade é contemplada ao som de um tambor. Essa descrição evidencia que independente da identidade de cada grupo, há entre eles pontos comuns, as necessidades básicas de cada ser humano, a saber, comunicação, abrigo, alimento e divindade.
Mesmo a base sendo comum a alteridade causa estranhamento. Os hábitos do outro incomoda quando diferentes dos hábitos do eu. Desviar os olhos é uma fuga ao atribuir julgamento de valores ao comportamento alheio, como coçar uma parte intima em público.

O estranhamento provoca também sentimentos de pena, piedade, desprezo e até desejo, porém desejo de possuir como enfeite, brinquedo, para diversão, pondo até a imaginar-se como aquele ser tão pequeno, de apenas quarenta e cinco centímetros, poderia servir a alguém em mesas ditas normais na sociedade ocidental. Em hipótese alguma deseja o outro dentro dos parâmetros da própria cultura dele.

Dentre os leitores da matéria publicada em jornal sobre a menor mulher do mundo, encontra-se polidas madames que fazem uso da identidade ocidental, em que se escondem os filhos por detrás de palitos e gravatas para protegê-los de alguma coisa escura como um macaco.

O ápice do estranhamento ocorre no momento em que o explorador sentiu mal está ao perceber a pequena flor ri, certamente porque ‘bichos’ não riem. Enquanto isso, ela contemplava alguém diferente dela que não demonstrava interesse em transformá-la em alimento. Entretanto iria exibir sua jóia rara numa ótica tão afiada quanto os dentes dos Bantos.

Imagina-se o que pequena flor faria se tivesse acesso aos acessórios que o homem amarelo usava? Os penduraria nos galhos da árvore para enfeitá-la? Usaria o reluzente anel ou as botas? Não. E não seria por causa da incompatibilidade do tamanho, seria pela incompatibilidade cultural.

REFERÊNCIAS:
LISPECTO, Clarice. A menor mulher do mundo. In: Laços de família. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.
ROCHA, Everardo. O que é etnocentrismo. São Paulo: Brasiliense, 1994.

O GRANDE MAL: otiecnocerp


O detalhado e criativo texto – Ritual do Corpo entre os Sonacirema – de Horace Minner, convence a maioria dos leitores, de que, sofrem do mal otiecnocerp, ainda que na primeira leitura, associe esse povo a palavra cultura. Cultura essa que jamais praticaria. Ledo engano!

A primeira impressão é de que se trata de uma cultura distante, praticada por um povo selvagem, cheios de rituais místicos, mágicos e lá no fundo, surge até a classificação de satânicos: queimar a cabeça. Inadmissível!

Entretanto, ninguém é preconceituoso. Só não praticam esses ritos exóticos porque não são da sua cultura, ou seja, fazem parte de outra selva – a americana EUA, que dita os rituais que todas as selvas subdesenvolvidas devem seguir – chapinha, silicone, cuidados com a saúde, estética. Verdadeiras escravas da superpotência mundial em que a ordem satânica é o capitalismo. Torna a maioria das pessoas, camufladamente em ‘vítimas’ do otiecnocerp.

Para superar esse mal a primeira medida é tirar a máscara e assumir que foi contaminada pelo PREconceito. Livrar-se da camuflagem da inversão!

O que mais chama atenção na produção de Horace Minner é que nos primeiros parágrafos ele fornece todas as informações necessárias para situar, a tribo descrita no texto, em seu território. Porém ao usar metáforas, o cérebro contaminado pelo otiecnocerp, deleta todas as informações anteriores às palavras-sintoma: homem-da-boca-sagrada, pó mágico, feitiço, rituais, curandeiro, santuários, cerimônias, templo da água, caixa de mágica, etc. Logo, somos transportados para uma tribo no meio de selva africana, que ironicamente fica entre o Cree do Canadá aos Yaoui e Tarahuma do México e aos Carib e Aruaque das Antilhas.

O pior é admitir que o erro de localização não reprova só na matéria de Geografia, mas também, na de Cidadania. Primeiro, por não aceitar a cultura ‘não civilizada’. Segundo, por ser consumidora cega da cultura norte americana. QUEM NÃO É PRECONCEITUOSO?!?

ETNICIDADE: DIPLOMA DA/NA ROÇA


A etnicidade estuda a fusão entre raça e cultura. Pensar essa temática no território brasileiro é complexo diante da diversidade existente. E pensar etnicidade na realidade do jovem – adolescentes, é mais complexo ainda, pois além das mudanças de ordem biológicas, naturais da idade, eles têm de lhe darem com as questões de identificação, isto é, etnicidade.

Irecê é uma cidade localizada no sertão baiano que comporta vários territórios rurais, dentre eles a Vila Angical, que fica a 15 km da sede do município, que tem em média três mil habitantes. São os jovens – adolescentes desta localidade que serão apresentados nos parágrafos seguintes.

A Escola Municipal de Angical atende a alunos de Educação Infantil e Ensino Fundamental I e II. 80% dos alunos do Ensino Fundamental II, que tem entre 11 e 14 anos, foram ouvidos em relação à rotina diária deles e suas expectativas no tocante ao futuro.

Na rotina das garotas quase todas ajudam as mães nas atividades domésticas, inclusive cuidar dos irmãos mais novos. Alguns garotos ajudam os pais na roça, visto ser a atividade econômica predominante na comunidade, outros molham os canteiros e cuidam dos animais de estimação ou que complementam a renda da família, como galinhas, porcos, bodes, vacas, cavalos, etc.

Em meio aos trabalhos, ainda sobra tempo nas manhãs desses jovens para praticarem esportes, na única quadra poliesportiva da localidade, que já se encontra bastante deteriorada. Esse mesmo local é um dos points frequentados pelos jovens à noite, seja para jogar e/ou observar outros jogando, paquerar, namorar, fazer e manter amigos. Na verdade, essa é uma das poucas áreas de lazer que eles têm acesso.

Aqueles que não se encontram na quadra à noitinha estão na praça, também única, cumprindo o mesmo ritual – paquera, namoro, bate papo com amigos e alguns já iniciaram a experimentação ao álcool e talvez drogas ilícitas. Outros controlados pelos pais ficam em casa vendo televisão ou no máximo vão à casa dos vizinhos e uns poucos declararam que optam por um bom livro ou fazerem as tarefas escolares passadas para casa.

Nos finais de semana acrescentam à rotina, atividades religiosas. Mais de 50% dos meninos e meninas frequentam as igrejas locais que somam um total de 7 templos, entretanto quase todos são membros da Igreja Católica, na qual envolvem-se no grupo de jovens, embora haja aqueles que usam o horário das atividades religiosas para fazerem, em torno da igreja, o que a maioria faz na praça e na quadra.

As poucas lanchonetes, também são usadas como ponto de encontro da garotada, sobretudo nos finais de semana. Além desses locais citados eles vão à lan hause, principalmente para fuçar o Orkut e aqueles que têm computador em casa dizem que o utilizam frequentemente para jogos eletrônicos. Vale ressaltar que, em Angical, os jovens ainda têm o hábito de frequentar à casa das avós diariamente ou pelo menos nos finais de semana. Porém, há aqueles que tiram o final de semana para visitar o pai ou a mãe, filhos de cônjuges separados.

Atualmente 80% desses alunos frequentam o curso de computação oferecido pela escola no turno oposto a aula, ou seja, pela manhã, visto que todos eles estudam à tarde. Para alguns, o primeiro e único, contato que tem com o computador, do qual falam com encantamento. Em contra partida, na mesma sala do laboratório de informática, funciona a biblioteca da escola, mas só 2% dos alunos pesquisados mencionaram a visita a biblioteca como parte da sua rotina, embora se observe que frequentemente façam empréstimo de livros. Provavelmente não tenha o mesmo grau de importância, principalmente na era digital, daí a supremacia do computador.

Durante o ano a localidade conta praticamente com três festas populares: em junho, a festa junina promovida pela escola, faz-se quadrilhas na quadra poliesportiva que fica de fronte a escola, com direito a tudo que a tradição manda – pau de sebo, quebra pote, fogueira em pé, casamento na roça, barracas com comidas típicas e por fim um grande forrozão com um artista da região; entre setembro e outubro acontece o Evento Cultural de Angical, também organizado pela Escola Municipal de Angical. Em ambas, os jovens são platéia e atração; outra festa certa, é a da padroeira, que é realizada no dia 13 de dezembro, bem antes inicia as novenas, que tem a culminância com a missa e a procissão. Em contraste com a festa religiosa, na mesma noite uma boate local promove uma festa ‘mundana’, é para essa que a maioria dos jovens vai, quer acompanhado pelos pais ou não.

Quanto ao futuro desses jovens, eles têm muitas expectativas. Na sua totalidade esperam ter bons empregos, ganhar muito dinheiro, ter casa própria. Enumeram várias profissões ao mesmo tempo, mas poucos mencionam a continuidade dos estudos como um meio para chegarem lá. Alguns querem construir sua própria família. Outros descartam essa ideia e sonham com um futuro mais aventureiro como: dançarinas, cantores, jogadores, atores e até ganhar na loteria. Porém, esses mesmo jovens querem ao mesmo tempo ser veterinários, pediatras, bancários, etc.

Um número considerável de meninos e meninas mencionou o desejo de se tornarem policiais. Será que é por que Angical tem um posto policial fechado, sob a alegação da falta de profissionais? É uma hipótese, no entanto, o sonho desses jovens não estar ancorado na localidade, não tem o sentimento de pertencimento, ninguém mencionou algo que passe a ideia do crescimento coletivo para o fortalecimento da comunidade. Nas entrelinhas querem mesmo é ir embora, em busca de um possível progresso que está lá fora.

A Escola Municipal de Angical já foi palco da ‘formação inicial’ de vários jovens, inclusive da maioria dos professores que hoje lecionam nela. O que um dia foi expectativa de futuro para eles, hoje é presente. O que se concretizou? Certamente os sonhos não eram diferentes dos atuais alunos.

Nas duas últimas décadas, 90% conseguiram concluir o ‘segundo grau’. Na década de 90 quase todos fizeram o curso técnico – o magistério e por falta de opção no mercado de trabalho local, procuraram emprego na área de educação, hoje pedagogos ou graduandos em pedagogia e em outros cursos de licenciaturas.

Já na primeira década do início do século XXI, com a extinção do curso técnico, se popularizou o Ensino Médio, preparatório para o Ensino Superior, alguns ao concluírem fazem cursinhos pré vestibulares e tenta o vestibular, aqueles que obtêm resultados positivos ingressam em universidades na sede do município ou em outras cidades.

Outros continuam tentando o vestibular, mas a grande maioria segue a mesma carreira das gerações passadas, vão para roça viver da agricultura. Ou tiveram um futuro/presente trágico, o alcoolismo pelos bares e esquinas da comunidade, sem dinheiro e nem moral para manter uma família que deram início precocemente. Alguns foram tentar a sorte fora, entre eles há os que sonham em voltar, outros esqueceram suas raízes.

É nesse contexto que os atuais jovens da Vila Angical sonham com um futuro brilhante, mas não menciona a educação como trampolim para conquistar esses alvos. Alguns até retrucam: ‘Estudar para quê? Não preciso de diploma para ir para roça...’

ESAIO - CINECONTEXTO


ADEUS, LÊNIN!
IDEOLOGIA X MENTIRA
POR: Sirleide Araujo e
Rita Cácia Fernandes

Durante 28 anos a Alemanha foi dividida por um muro, o famoso Muro de Berlin, o qual dividia além do território, pois criava uma barreira ideológica, de um lado a República Democrática Alemã – RDA, ou seja, Alemanha Oriental, que vivia segundo os ideais do socialismo real e do outro lado, a República Federativa Alemã – RFA, isto é, Alemanha Ocidental, defensora do capitalismo.

É nesse contexto que o cineasta Wolfgang Becker, produz o roteiro e dirige o filme Adeus, Lênin! ao tempo que faz ressurgir o cinema comercial alemão, após um longo período de instabilidade marcado por pouco público e frieza dos críticos. Lançado na Alemanha em 2003, o filme foi um sucesso.

A história é ambientada em 1989, exatamente no ano em que o Muro de Berlin cai e as Alemanhas são reunificadas, esse é o pano de fundo da trágica comédia Adeus, Lênin! Trágica, porque a trama se passa a partir de um infarto que Sra. Kerner (Katrin Sass), uma socialista convicta sofre, após ver o filho em uma manifestação pelo fim do socialismo, ela entra em coma. Durante os oito meses em que ela fica desacordada, o muro cai e o mundo dela deixa de existir. A comédia começa quando o filho dela, Alex (Daniel Brühl) recebe a notícia de que sua mãe não pode ser contrariada, uma vez que, não resistiria outro infarto. Talvez inconscientemente, por remorso de ter causado o infarto, o filho começa a reconstruir a história da Alemanha Oriental, motivado pela dor da culpa ou sobretudo, pelo desejo de manter sua querida mãe viva, haja visto, que o pai já não se encontrava com a família, preferiu a ‘fuga’ para o Ocidente. Em meio a tantas sutilezas é difícil definir o que é comédia e tragédia nessa produção.

O próprio título do filme, deixa explicito que o mesmo é uma alusão ao fim do socialismo , que tem como mentor - Lênin - na Alemanha Oriental. Entretanto há algumas questões que vão se desenrolando implicitamente durante os 118 minutos em que as fotografias se movimentam na tela. Por exemplo, a figura histórica e real de Sigmund Jähn, um astronalta alemão que se destacou no espaço em 1978, Alex, mesmo sendo criança, o adimirava e na vida adulta o encontrou frente a frente como motorista de táxi. Simbolicamente, sua trajetória (no filme), de herói a motorista de táxi, resume a derrocada da Alemanha Oriental.

Outro simbolo dessa derrota é marcada pelo fato da irmã de Alex, Ariane (Maria Simon), ter saído do curso universitário para vender lanche fest-food, após a unificação da Alemanha. Ainda ressaltando a supervalorização do capitalismo ocidental, quando Alex vai ao supermercado comprar antigos produtos alimentícios para sua mãe e esses saíram de linha, ele leva outro produto semelhante e os coloca nas embalagens dos produtos anteriores, as quais se encontravam no lixo, como disse o vizinho – nem o lixo os ocidentais quizeram recolher dos orientais– para savação de Alex!

No oriente a decadência financeira era tão grande que a moeda com que os filhos da Sra. Kerner pagavam o aluguel do apartamento em que reconstruíram a história dela, era o equivalente a conta telefônica do namorado de Ariane lá na parte Ocidental. Mesmo a moeda sendo desvalorizada, Alex lamentou só ter descoberto o dinheiro que a mãe escondia na gaveta do armário (que estava no lixo), após ter terminado o prazo para a troca da moeda que vigorou depois da unificação. A cena em que o rapaz aparece sobre um alto prédio e joga as várias cédulas para o ar e essas se espalham pela cidade, ilustram a liberdade em relação ao anterior sistema político. Quanto aos gritos, sugere a comemoração a uma nova vida.

Nas visitas constantes a sua mãe hospitalizada, ele reencontrou Lara (Chulpan Kahamatova), uma bela jovem que havia conhecido durante a manifestação do dia em que sua mãe passou mal, logo iniciaram um romance, uma evidência de que enquanto ‘alguns morrem outros nascem’. Morria inconscientemente o vinculo maternal e nascia união romântica; e implicitamente morria um sistema político e nascia outro. Bem como, a chegada de um novo bebê na família Kerner reforçava o nascimento do capitalismo sobre a poeira do socialismo.

A mentira no filme desencadeia outras mentiras. Primeiro é a mãe que esconde a verdadeira razão do pai não ter voltado para casa e agrava ainda mais, ao dizer que ele nunca mandou notícias. Depois o filho que reconstitui a história com a participação da família, vizinhos, amigos e até inimigos (o diretor da escola que ela lecionava) para viver a faça de que a Alemanha continuava imperando. Entretanto, Lara incomodou-se com esse ‘teatro’ a ponto de contar a verdade a sua futura sogra, porém gerou uma nova mentira: a mãe finge que nada sabe, quando o filho exibe um filme, do suposto grande trunfo do socialismo ao levarem a estatua de Lênin para a aliada Alemanha Ocidental. Enfim, seria o socialismo a grande mentira? Ou o capitalismo que nos transforma em grandes mentirosos, subordinados a uma falsa liberdade?

A linear narrativa fílmica em Adeus, Lênin! embora seja única, entrecruzam várias histórias reais. Além do astronauta, o cineasta conseguiu fotografia de figuras como: Erich Honecker, que governou a RDA (ou Alemanha Oriental) de 1971 a 1989; Mikhail Gorbatchov, o derradero líder (1985-1991) da URSS; Helmut Kohl, primeiro chanceler da Alemanha reunificada.

A riqueza e fidelidade aos detalhes históricos, embora esses sejam apenas pano de fundo na narrativa, foi graças a formação do cineasta Wolfgang Becker. Formado em História com especialização em história alemã, norte-americana e especializado também em literatura, tudo isto pela Universidade Livre de Berlim. Ele nasceu do lado Ocidental e como o muro os dividia, não vivenciou os anseios dos jovens orientais, sobretudo pelo fim da sensura. Mas por meio do estudo biográfico daqueles que foram testemunhas oculares da repressão à liberdade, que ele compos uma obra fictícia, com pano de fundo real, cheio de simbolismos um tanto quanto ideologicos, embora sem desrespeitar a história do oeste.

Ao elaborar o roteiro a tentativa de Wolfgang Becker era encontrar um jovem da antiga Alemanha Oriental, para garantir o sotaque típico da região, visto que não conseguiu, contratou um profissional para fazer o papel principal, que se encaixou perfeitamente no papel, principalmente por ser emotivo.

A história se passa em dias ensolarados, no verão, portanto as questões climática, embora externas ao filme, são determinantes para as gravações. A cena que se passa na cabana abandonada, exemplifica outro fator externo que influencia na perfeição das imagens exibidas nas telas. Necessitavam alí de ervas daninhas, para tanto, contrataram um jardineiro/paisagista para plantá-las e ambientizar a cena desejada, porém porcos espinhos alimentaram-se das ervas que haviam crescido. Tiveram que esperar por mais tempo para gravar essas películas.

Depois de alguns imprevistos, o filme chegou a sua versão final. O sucesso de bilheteria, grangeado internacionalmente, lhe garantiu alguns prêmios, dentre eles em 2003: Prêmio do público de melhor diretor por Good Bye, Lenin!; 2003: Indicação de melhor diretor por Good Bye, Lenin!; 2004: BAFTA (Britsha Academy of Film and Television Arts) – Reino Unido – foi indicado para o prêmio de melhor filme em língua estrangeira. No Brasil, foi extreado no mesmo ano do seu lançamento, em dezembro de 2003 estava nas tela dos cinemas paulistas.

REFERÊNCIA:
Adeus, Lênin! Direção: BECKER Wolfgang. Roteiro: BECKER Wolfgang. Alemanha: Imagem, Sony, 2003, 118 min.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

ARTE COM TÉCNICA

Carla Terra e Isbela Terra apresentam:
O ESTUDO DA LESMA















Descobriu a técnica?

Retire o retoprojetor do porão da escola e invente arte!

Arte é passatempo para quem aprecia, entretanto para quem produz, é trabalho que exige rigor e disciplina!!!

OBS.: As projeções foram feitas na parede com retroprojetor, refratária transparente, água, tinta, bicarbonato, lápis, plástico colorido... e o que mais a criatividade permitiu.

SHOW DOS BEATLES

Exposição em Savador - Sopping Barra. (14/08/2010)

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

City Tour






















A THURMA DO ANGICAL

A ARTE INACABADA!


" A arte é a contemplação: é o prazer do espírito que penetra a natureza e descobre que ela também tem uma alma. É a missão mais sublime do homem, pois é o exercício do pensamento que busca compreender o universo, e fazer com que os outros o compreendam."

- Escultor francês


Rodin é considerado um dos maiores escultores de toda a história. Conhecido como o artista do inacabado, rompeu paradigmas, causou estranheza. Sua arte é caracterizada pela exploração da nudez, o que chocou a sociedade conservadora do século XVIII. Além disso, ao criar suas obras, quando as mesmas eram danificadas, ele as considerava acabadas “o defeito tornava-se efeito”. Afinal, o que é o acabado? Vale ressaltar que o artista tenha rigor ao produzir suas peças, primeiro planejava e fazia várias miniaturas até chegar à obra final.

A capital baiana – Salvador – foi contemplada com a exposição Rodin, que está sendo exibida no Palacete das Artes e visitada por inúmeras pessoas. Dentre o acervo, suas famosas esculturas – O Pensador, O Beijo, O Sono, etc. Vale à pena conferir!


A civilização não é, em suma, senão uma camada de pintura que qualquer chuvinha lava.
- escultor francês

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Produção Livre


Aprendi muito com a apresentação/avaliação de cada grupo. O primeiro grupo, orientandos de Margô, por exemplo, que apresentou as cantigas de infância, fizeram um resgate as memórias e a discussão me ajudou a perceber que tenho, também, a tendência a explicitar o que digamos que é politicamente/moralmente correto, pois até então não evidenciava no meu memorial que fiz parte da geração Xuxa, além das cantigas de roda. Fomos lembrados de que memória é presente e que embora distante no tempo e no espaço não podemos falar qualquer coisa, tampouco distorcer os fatos. Outra aprendizagem foi em relação a ser implícita demais nas produções, isso pode esvaziar o sentido da produção. As colegas pecaram na quantidade, o excesso de participantes causou confusão na visualização e o excesso de cantigas, tornou cansativa a apresentação, segundo a equipe de professores.

O segundo grupo, as orientandas de Solange, apresentou um texto que foi considerado pela equipe como supérfluo, por ser genérico, não tinha percebido esse detalhe, mas concordo que o tempo não garante qualidade, uma apresentação pode ser profunda em menos tempo. O texto foi acompanhado de uma performance que representava os nós da rede, esteticamente perfeita!


A terceira apresentação foi a do nosso grupo, orientandos de Josy. Apresentamos uma instalação representando uma rede das nossas aprendizagens no Ciclo 4, que foi considerado um tema batido, mas necessário, inovamos por interagir com o público que terminaram de montar a instalação conosco. Pecamos ao explicar a instalação, como diz Rosane, toda obra de arte fala por si mesma, portando devemos dar pistas para que o objeto seja compreensível. Essa era nossa dúvida ao planejar a apresentação. Aprendi! Só não foi melhor porque a nossa apresentação foi ofuscada pelo tempo e os componentes do grupo que apresentaram em seguida que não estavam dispostos e nem disponíveis para participarem, visto que estavam cuidando dos seus figurinos.


A última apresentação foi das orientandas de Fabrízia. Apresentaram fragmentos do memorial e relacionaram-nos a atividades cursadas no Ciclo 4. Algumas cursistas tentaram decorar o trecho que apresentaram, mas não conseguiram, a apresentação ficou mecânica e, quem usou a pesca que imitava o modelo de um pergaminho, também foi criticada, pois parecia apenas com um papel de bordas queimadas, aprendi que não basta ter boas intenções, é preciso ter rigor, como exemplificou Inez, às vezes um cartaz fala menos que um rascunho, pois é mal feito, então é preciso refazer.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

sábado, 5 de junho de 2010

GELIT - Anarquistas, graças a Deus

Anarquista, graças a Deus é o quarto GELIT que participei no curso de pedagogia – UFBA/Projeto Irecê. Os estudos das obras literárias em si contribuem para minha formação leitora. Embora já tivesse o hábito da leitura prazerosa, é diferente de uma leitura dialogada – uma tertúlia literária – amplia a compreensão da obra e aprende-se da experiência do outro como leitor.
Zélia Gattai ao contar suas memórias, fascina pela leveza com que relata fatos históricos e a sutileza com que os interpretam a partir dos ideais anarquistas da sua família. O pano de fundo da obra são esses ideais e ao mesmo tempo o anarquismo é o fio condutor de toda trama que perpassa a imigração da Itália ao Brasil e as raízes genealógicas de Zélia até sua adolescência, contadas de forma não linear, mas coerentes.
Talvez alguns encarem a iniciação de Zélia como escritora, tardia. Apesar de não ser mais uma jovenzinha ao escrever seu primeiro livro - Anarquista, graças a Deus, ela conseguiu deixar um enorme legado para a literatura brasileira, sobretudo em relação a obras memorialística.
Considero esse gênero textual – memórias – complexo. Como diz Lucena (1999 p.81 apud PASSEGI 2006) “lembrar é muito mais uma atividade do presente do que apenas deslocar para o presente fatos já vividos. Rememorar não é o mesmo que viver novamente o passado, pois depende da releitura do sujeito que a produz [...]”. Para escrever o memorial mesmo tendo vivido a própria história, é complexo usar a linha condutora – formação – para interligar o contexto pessoal, local e global. Lembrando que não basta ter vivido na época de determinado acontecimento é necessário fazer parte do meu mundo, a minha esfera de presença de ser precisa ser ampliada para garantir uma releitura e uma boa costura. O GELIT contribuiu não só para relembrar fatos marcantes da minha história, mas também, em relação ao estilo de escrita não linear, em tópicos e sobre tudo coerente.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

GECI “Machuca” tenções entre educação e lutas de classes


Ambientado na década de 70, em plena ditadura militar no território chileno, o filme Machuca do diretor Andrès Wood retrata o golpe pela ótica de três personagens pré-adolescentes. Para Wood não deve ter sido difícil se apropriar desta visão, pois em 1973, ano do golpe, ele tinha apenas 8 anos, talvez por isso, o filme centraliza mais no sentimento do que na ideologia política da época, entretanto com muita sutileza, há elementos presentes nas cenas que denunciam os ideais da época, tanto por parte do golpista Augosto Pinochet, quanto do esquerdista Salvador Allende, por meio das personagens que representaram as classes sociais partidárias de cada governante.

Ao discutir o filme como obra de arte percebemos que há uma desatropomofibisação, ou seja, um trocadilho entre sociedade-cinema-sociedade. Com a sociedade no cinema e vice versa, observa-se que a obra de arte fica condicionada pela vida social que perpassa do particular, neste caso o contexto do Chile, e o universal, a interpretação desse contexto, por exemplo, os dois meninos, Machuca e Gonzalo, que se conhecem em um colégio de classe média alta, onde Machuca é bolsista, pois Allende acreditava ser um meio de aproximar dois mundos diferentes e tornar a sociedade mais igualitária, de modo que, embora, esses meninos sejam de classes sociais diferentes tem coisas comuns que são próprias da infância, como as brincadeiras, e algumas diferenças determinadas pelo meio social em que vivem, o que nos faz pensar no contexto das escolas em que trabalhamos: produzimos um ambiente que respeite as individualidades e ao mesmo tempo promove os direitos coletivos. Quais são os princípios definidos no regimento interno da escola que leciono? Essa reflexão final é que podemos definir como a essência, a totalidade da compreensão da obra de arte, ou, em resumo, a ampliação da esfera de presença do ser.

PROFESSOR PRODUTOR DE MATERIAL DIDÁTICO

As informações estão por todas as partes, entretanto elas só serão significativas se forem parte do mundo do seu receptor. Daí a necessidades de ampliar a esfera de presença de ser de cada indivíduo, a qual é feita através dos meios técnicos de cada época para obter as informações. Esse é um processo de dentro para fora e vice versa, pois as informações são externas, entretanto, a motivação é interna. A ordem com que essas duas coisas se encontram não importa, o fato é que quando há informação e motivação, se produz o conhecimento e amplia-se o mundo que constitui cada ser humano.
O conhecimento é a matéria prima do trabalho docente, de modo que a qualidade do serviço prestado pelo professor dependerá do tamanho do mundo em que ele si encontra e de como faz uso do mesmo. Portanto, professor, professora vocês são produtores ou recebedores de material didático? Limita-se aos livros didáticos, ou atreve-se a experimentar outros recursos? Como fazer a transposição do que está no mundo para sala de aula?


É necessário ser um observador em meio ao caos!

quarta-feira, 2 de junho de 2010

CIBERCULTURA NA EDUCAÇÃO

Leitura, escrita e oralidade ao longo da história foram os três pilares da aprendizagem da humanidade, entretanto atualmente, com a evolução da cibercultura, fala-se em um pólo denominado informático mediático, ou seja, formas próprias de pensar, conhecer, ler, escrever e aprender. Como confirma Pierre Lévy (2010): “O conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos, de pensamentos e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço”.
Com o advento da Web 2.0, desenvolve-se as inteligências coletivas, pois essa evolução tecnológica nos possibilita criar coisas na rede, quando antes da mesma, só podíamos sermos consumidores de informação, agora interagimos quer de forma sicrona (conectados ao mesmo tempo, exemplo, chat, skape, etc.), ou assicrona (não estarem on-line ao mesmo tempo, exemplo, e-mail, blog, etc.).
A hipertextualidade é uma das características desse novo espaço de leitura e escrita. O PC é apenas um suporte técnico para desenvolver o conhecimento, como diz Lévy. A interatividade na rede é a responsável pela multivocalidade que resulta em percursos diferentes, não lineares, pois a cada clik em links diferentes constrói-se um novo texto. Por esse ângulo, ao mesmo tempo em que somos leitores, somos também autores nesses ambientes virtuais.
Diante dessas mudanças, os conceitos acerca das concepções de educação também mudam, por exemplo, em relação ao letramento Magda Soares pensa:
“Pode-se concluir que a tela como espaço de escrita e de leitura traz não apenas novas formas de acesso à informação, mas também novos processos cognitivos, novas formas de conhecimento, novas maneiras de ler e de escrever, enfim, um novo letramento, isto é, um novo estado ou condição para aqueles que exercem práticas de escrita e de leitura na tela”.
Portanto, os professores não devem continuar apenas na leitura e escrita em livros e cadernos, da direita para esquerda, de cima para baixo. Apesar de sermos migrantes nesse mundo que se movimenta na velocidade de um clik, nossos alunos são nativos neste meio e certamente pode ser nosso guia tecnológico.



TEXTUALIZANDO A PERCEPÇÃO

OS CHEIROS DO MEU DIA

Quarta feira, 6 horas da manhã ouço o despertar da campainha do relógio. Fazia frio, havia várias cobertas na minha cama, limpinhas, ainda exalava o cheirinho do amaciante.

Acendo a luz e estico o braço para pegar o livro que sempre fica ao lado da minha cama, a Bíblia. O cheiro do papel incomoda a essa hora da manhã, embora o livro não seja velho, mas tenho alergia a acaro. Prefiri o áudio. Liguei o computador e ouvi a gravação do livro bíblico de Atos.

Após alimentar o espírito é hora de alimentar o corpo, pão fresco na mesa, o cheiro incendiava o ar da cozinha, acompanhado queijo da região e chá de capim santo, marcavam os aromas mais fortes e ofuscaram o cheiro do melão e dos biscoitos. O gostinho do café da manhã só dura na minha boca até o esfriar do chá para iniciar a escovação, o cheiro do creme dental causa-me enjoou, muda-se a marca, o sabor, mas continua sendo creme dental, com cheiro de creme dental.

Durante parte da manhã andei pelas ruas da vila que moro, Angical. A primeira esquina que passei, a do posto de gasolina, o cheiro de gasolina foi o primeiro dentre outros cheiros desagradáveis em meu dia. Logo à frente, na mesma rua a padaria e novamente o cheiro de pão. Na quitanda, uma salada de frutas, algumas mais salientes como o abacaxi e outras superiores em tamanho, só marca presença com o cheiro ao serem partidas, é o caso da melancia. De fronte as residências os cheiros variavam, ora produtos de limpeza, ora de feijão, carnes e outras delícias, ambos os cheiros denunciavam as tarefas das donas de casa.

Ao retornar para casa fui recepcionada pelo cheiro do meu prato predileto – galinha caipira – esse tomava conta da casa toda, só ‘desapareceu’ no quintal, ao ar livres e com muitas plantas, as rosas de espinho deram um banho de perfume no ar que respirei por alguns minutos.

Voltei aos livros, que lá pelas 10 horas e 30 minutos já eram suportáveis às minhas narinas. Cheiro ruim, de papel. Cheiro bom, de conhecimento!

Às 12 horas o estômago denunciava a fome e a galinha caipira convidava à mesa, comida cozida no fogão a lenha, sabe como é, mais tempo na chapa, o tempero pega bem e o cheiro contamina toda casa.

A tarde foi reservada para o trabalho na escola, saí atrasada, a presa foi tão grande que fiz o percurso de forma tão automática que nem percebi o caminho. Não demorou muito recebi os alunos na sala. Ao me cumprimentarem enquanto ainda estava na porta da sala, passava por ali os mais variados cheiros, perfumes de todas as fragrâncias e vez por outras, odores das piores “fragrâncias” também. O pior deles foi o da garota que me parece que molhou o cabelo sujo e não lavou. Por um minuto pensei que iria colocar minha galinha caipira para fora. Que horror!

Não sei ao certo se giz tem cheiro, mas o seu pó incomoda as minhas narinas, tanto quanto papel às 6 horas da manhã.

Hora do lanche, sobre a mesa dos professores, meu segundo cardápio predileto – farofa de cuscuz com ovos, que ao frigir, já se anunciava nas salas de aula mais próximas da cantina. Pena que não merendei. Pois, não como nada se não estiver munida da escova e do creme dental com seu cheiro detestável.

A sala dos professores movimentada nessa tarde, aproximava-se o dia das mães e confeccionava-se um peso de porta para a “instituição” presenteá-las, cheiro de cola quente e de tecido velho (sobras de outrora) se misturava com o cheiro do lanche. Fiquei neste ambiente o restante da tarde, atualizando o blog da escola ao mesmo tempo pensava, quando tiver um filho quero presente com cara de criança, com cheiro e cor escolhidos pelo meu filho, feito por suas pequeninas mãos, ainda que torto.

Terminado o expediente, hora de ir para casa. Na saída passava uns gados próximos à escola, o cheiro de poeira, misturado com os excrementos dos animais só foram esquecidos pelo meu nariz ao chegar a minha casa e sentir ao subir na calçada o cheiro de carne assada. Quem diria que animais tão fedidos em vida pudessem ser tão cheirosos em morte.

Cumprida a missão da cadeia alimentar, fui para casa de uma colega estudar, novamente os livros, os que moravam há mais tempo em sua estante, menos agradáveis ao meu sensível olfato, enfim sua filha entra no meu dia com uma laranja, bendita laranja que amenizou o aroma de velhacaria no ar. E para adoçar a boca, goiabada, pena que, amarga a consciência, levando-me a sair em disparada para casa em busca da escova e do infeliz creme dental.

O momento em que há uma mistura de cheiros agradáveis são os inúmeros banhos num dia ensolarado. O ritual é o mesmo. A própolis do sabonete líquido, o frescor do sabonete íntimo, o doce do xampu de chocolate e óleo de amêndoa para finalizar a primeira etapa. Depois o ritual continua no quarto, desodorante de erva doce, colônia de água fresca, creme para pentear as madeixas e outro creme para os pés ressecados com cheiro de sei lá o que... Já não sei se estou cheirando ou fedendo com tanta mistura.

Finalzinho da noite produzo esse texto e penso nas coisas que supostamente não tem odor, que cheiro deveria ter? O amor, a paz, a vida?... Certamente teria o cheiro da Dama da Noite[1], que entra pela janela do meu quarto neste momento.

[1] Planta ornamental com belas e cheirosas flores que só se abrem a noite.

GEAC - DIÁRIO: DO PRODUTO AO PROCESSO

MÚLTIPLAS LEITURAS

Desde que nascemos aprendemos a ler o mundo em que vivemos. Antes mesmos de sermos alfabetizados lemos os sabores das frutas, doces ou amargas, qual nos agrada mais; escolhemos os brinquedos que mais nos atrai; afeiçoamo-nos a algumas pessoas e a outras não, e assim por diante.


Com a descoberta das letras, leitores deparam-se com uma nova forma de leitura, com o mundo dos códigos escritos, isso precisa ser ensinado. O que se ler deve fazer sentido para quem está lendo, é necessário intimidade entre o leitor e o livro lido, vínculos de afeto. Portanto, as páginas do livro devem conter elementos do mundo do leitor, para lhe causar conforto. Entretanto, ao mesmo tempo deve dar margem à imaginação, uma saidinha do seu mundinho, para não cair na monotonia.

Ler por prazer! Ler para nada... É justamente na leitura descomprometida que se forma os leitores, sobretudo para a cidadania e para a política. Ler o mundo e ler as palavras é uma via de mão dupla em que ambas andam ora lado a lado, ora a certa distância, mas que no final das contas, se encontram para ampliar o mundo de cada indivíduo cumprindo assim o ‘papel’ essencial do ato de ler.


A formação do leitor é um percurso pessoal, mas também social, quanto mais o sujeito estiver inserido num meio letrado, mais possibilidade ele tem de mergulhar no mundo da leitura e na leitura do mundo.


Os primeiros registros da história da humanidade foram grafados em pedras por meio de desenhos rupestres, porém uma possibilidade de leitura para os demais personagens contemporâneos ou posteriores, desde então as técnicas de registro evoluíram muito, vivemos atualmente na era da cibercultura, apenas um click e estamos conectados com o mundo inteiro. A hipertextualidade que se dava normalmente no campo do pensamento humano, agora pode ser materializado de maneira concreta por meio dos links disponíveis em inúmeros textos na internet, ou seja, cada leitor traça o seu percurso e tece o seu mundo, que é único.

O QUE É INTELIGÊNCIA?


A oficina Modos de Aprender II, foi instigadora. Refletimos sobre a complexidade do ensino e da aprendizagem. Sendo a didática uma ciência que tem como laboratório a sala de aula, ela se sustenta em três pilares – psicológico, sociológico e antropológico. Na atividade Modos de Aprender I consideramos o viés psicológico com os pensadores Piaget e Vygotsky, em Modos de Aprender II, a discussão foi voltada para as questões sociológicas e o pensador convidado foi Bourdieu.


Uma das grandes defesas de Bourdieu foi à teoria da reprodução, na qual defende as ideias do capital social e cultural como responsáveis pela violência simbólica, ou seja, a criança que pertence a uma classe social econômica inferior, a qual tem habitus diferentes daqueles que compõem o topo da pirâmide econômica, são educados segundo os habitus destes últimos, pois são os que foram eleitos como modelo. Gera-se uma reação na base, por terem o seu capital cultural negado e não conseguir se adaptarem ao que é imposto às vezes reagem por se rebelarem, ora com a força física, ora com a indiferença, contra os que representam a instituição em que estudam.


Mais concretamente, Bourdieu observa que a comunicação pedagógica, tal como realizada tradicionalmente na escola, exige implicitamente, para seu pleno aproveitamento, o domínio prévio de um conjunto de habilidades e referências culturais e linguísticas que apenas os membros das classes mais cultivadas possuíam. (NOUGUEIRA, NOUGUEIRA, 2002, p. 30)


Partindo dessa observação afirma-se que quem está base nunca chegará ao status do conhecimento daqueles que se encontram no topo, por mais que se esforcem. Essa afirmação me intriga, pois o próprio Bourdieu é um exemplo de possibilidade contrária ao que ele defendeu, ele é de origem da base da pirâmide econômica, entretanto chegou ao status intelectual da elite.


Interessante, considerando que nós professores de ensino fundamental em escola pública, estamos lá pela segunda camada da pirâmide econômica, isto é, temos os mesmo habitus dos nossos alunos, entretanto queremos educá-los de acordo com o capital cultural dos que se encontram no topo. Ou seja, violentamos nossos alunos na mesma medida em que somos simbolicamente violentados. Quanta alienação!


Para me deixar mais intrigada as múltiplas inteligências perpassam pela questão genética, como mostra a metáfora da janela. Nascemos com várias janelas, algumas escancaradas, abertas, ente abertas, fechadas e outras ainda lacradas. O ambiente em que crescemos possibilitará a abertura de todas as janelas, ou não. Sendo assim, se a minha janela musical é escancarada posso aprender a ser musico quer na base da pirâmide econômica ou no seu topo, principalmente partindo do princípio de que as instituições escolares têm como modelo o topo, o que se subentende que haverá as mesmas condições de aprendizagens para ambas as crianças. O que é inquestionável nessa discussão é que quanto mais janelas abrimos e quanto mais elas interagem entre si mais inteligente nos tornamos.

Pulp Fiction - 'Para explodir as mentes!'


PULP FICTION. Direção: Quentin Tarantino. Roteiro: Quentin Tarantino, baseado em estória de Roger Avary e Quentin Tarantino. Eelenco: John Travolta , Samuel L. Jackson , Uma Thurman , Harvey Keitel , Tim Roth. EUA: Miramax Films, 1994. 1 DVD (02 hs 34 min).

O diretor Tarantino nos dá um ótimo exemplo de intertextualidade que tanto discutimos no meio educacional, pois ele trás elementos de uma revista americana para o filme, não só o título Pulp, mas também o exagero em que apresenta o tema – violência. Na década de 90, quando o filme foi gravado, essa revistinha em quadrinho que antes era uma diversão da massa, passa ser item de colecionador.

É característico de Tarantino a alinearidade em suas produções. Em Pulp Fiction ele conta três narrativas independentes e fora de ordem cronológica, mas coerentes. Além disso, a narrativa não fala só de uma coisa, como disse Correa (2010, on-line) ao escrever uma resenha desse filme “não falamos do contexto da nossa vida. Falamos de muitas coisas.” A comédia e a ironia em relação à violência se dar justamente pelas personagens terem uma vida particular que não se resumia a criminalidade.

Pulp Fiction segundo o próprio Tarantino foi feito para explodir as mentes. A construção do enredo foge a tradicional ordem da narrativa, não há um início, meio e fim e tampouco há uma personagem coadjuvante. As personagens são construídas pelo diálogo o que torna a narrativa mais complexa, pois são nessas conversas que apresenta sutilmente a forma de violência psicológica. Tarantino convida o telespectador para fazer parte da obra.

Certamente esse é um filme que não irei usar nas minhas turmas de educando entre 11 e 14 anos. Porém ele me faz refletir muito sobre a escrita do gênero textual memorial, os fatos não precisam ser lineares nem dispostos em ordem cronológica, entretanto devem ser coerentes e o texto deve ter uma ideia central, que será a linha condutora da escrita.

ENSINO FUNDAMENTAL DE 9 ANOS


Muitos acreditam que a implantação do Ensino Fundamental de 9 anos seja mais uma mudança só de nomenclatura na educação, entretanto o que está por trás adentra na complexidade das concepções de educação. Um dos equívocos é de que o 9º ano foi acrescentado ao final dos nove anos, entretanto trata se de mais um ano no início, durante o período da alfabetização do educando que vai do 1º ao 3º ano, conforme delineia o documento Passo a Passo da Implantação elaborado pelo MEC – Ministério da Educação e da Cultura – em um dos objetivos defende que pretende assegurar que, ingressando mais cedo no sistema de ensino, as crianças tenham um tempo mais longo para as aprendizagens da alfabetização e do letramento (2009, p.5).


Diante da lei nº 11.274, de 6 de fevereiro de 2006 percebe-se que o município de Irecê implantou os 9 anos de maneira equivocada, pois desde 2009 já temos ‘tecnicamente’ todas as turmas que equivalem aos nove anos, mas a lei diz que é para ser implantado gradativamente, portanto 2009 teríamos apenas o 1º ano e 2010 1º e 2º e assim sucessivamente, ou seja, só em 2017 teríamos finalmente os 9 anos completamente implantado no nosso município. Tempo em que iríamos reformular os documentos: currículo, projeto político pedagógico, regimento escolar e proposta de avaliação.


Um dos princípios dos 9 anos é a questão da maturidade de acordo com a idade para adquirir determinadas competências, conforme George Snyders (in: MEC, 2009, p.3)

A cada idade corresponde uma forma de vida que tem valor, equilíbrio, coerência que merece ser respeitada e levada a sério; a cada idade correspondem problemas e conflitos reais (...), pois o tempo todo, ela (a criança) teve de enfrentar situações novas (...). Temos de incentivá-la a gostar da sua idade, a desfrutar do seu presente.


A intencionalidade da lei é louvável, no entanto logo aparecem as brechas. Ao mesmo tempo em que defende o princípio da maturidade vem a regra do ponto de corte que estabelece 6 anos completos até o início do ano letivo, de modo que no ano seguinte essa criança vai está emocionalmente mais madura que os seus coleguinhas. Para tornar essa mudança mais complexa, nessa situação entra o princípio da razoabilidade para que não haja retrocesso.


Essa mudança de paradigma mexe com a concepção de avaliação que de acordo com o Conselho Nacional de Educação não pode se limitar aos resultados finais e notas.

Seminário de Abertura - Ciclo 4




Abertura do Ciclo 4 com Open Space, outra vez a presença de linguagens diferentes no curso – artes plásticas, teatro e dança. A organização das oficinas passou a ideia de continuidade e descontinuidade ao mesmo tempo, essa sutileza serve para denunciar o nosso apego as coisas arrumadinhas com início, meio e fim. Precisamos romper com os paradigmas, vencer a ideia de que sempre foi assim e pronto. Quem sabe assim conseguimos superar as amarras do nosso subconsciente. Isso é ampliação da esfera do ser e é por meio dessas pequenas liberdades que a ação pedagógica também sofrerá rupturas, ou seja, ousará o diferente.