segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

GELIT - 1808 - Relato Pessoal

1808 – “Como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudarão a história de Portugal e do Brasil.”

Quando vi 1008 na lista dos GELITS, logo me chamou atenção, não o conhecia, mas gosto muito de história. Ao ver o livro, fiquei apreensiva, é muito grosso! Parecia não caber na minha rotina.
Já havia lido outros ‘monstros’, ‘O povo brasileiro’, Viva o povo brasileiro’ e ‘Casa grande e senzala’, o tempo para essas leituras foi administrado por mim mesma, orientação, só para fazer resenhas, foram muitas noites mal dormidas, embora sejam bons livros, não sinto muita saudades o quanto sentirei de 1808. O que fez a diferença?
Certamente, não foi o livro em si, mas o fato, de fazer parte de um Grupo de Estudo Literário. A metodologia aplicada caiu feito luva, fomos designados a fazer a leitura aos poucos, a medida que fomos tomando gosto pelo livro, foi aumentando o número de capítulos a serem lidos, sem sacrifícios, abolindo assim o mito do livro grosso.
1808, não é um livro de fácil compreensão, requer uma série de conhecimento histórico, a orientadora foi nos dando este suporte a cada encontro, simplesmente babava diante das suas aulas de história, embora isso envolvesse mais leituras em revista, mapas e imagens. Embarcamos nessa viagem, uma folha a mais ou a menos, não faria a menor diferença. Importante mesmo era entender.
Sabia que os portugueses nunca foram um poço de boa higiene, mas nunca imaginei que os maus hábitos fossem em tamanha proporção. Tão pouco tinha noção de onde vinha a nossa situação econômica – a dívida externa.
Cem dias entre o céu e o mar, parecia improvável, ver a distância no mapa, conhecer as condições das naus e a tecnologia disponível na época, tornou a informação real. Outra coisa interessante que o autor faz, é converter o valor do dinheiro da época para a moeda atual.
Essa leitura, abriram meus olhos, em relação aos livros didáticos que distorcem algumas informações, até por mudar alguns termos – a partida X a fuga – é um exemplo, retratado no primeiro capítulo do livro, um dos melhores, o ponto de partida para compreensão dos demais, nos coloca em contato com o delicado relacionamento triangular entre Portugal, Inglaterra e França. Somos apresentados, também, a personagens importantes dessa história – D. João VI, Napoleão Bonaparte, D. Maria e outros.
Todo o livro apresenta uma linguagem literária, embora trate de fatos históricos e seja escrito por um jornalista. Os últimos capítulos são emocionantes, o arquivista real, Marrocos, que nos emociona no decorrer do livro com suas cartas, por fim se converte ao Brasil, não resiste à beleza tropical, ou melhor, a beleza de Ana Maria e ganham espaço nos dois últimos capítulos do livro. Embora tenha gostado desses capítulos, esperava que o último capítulo estivesse relacionado de forma mais direta a família real, além disso, Laurentino Gomes é muito repetitivo na sua obra, poderia ter economizado algumas páginas sem comprometer a compreensão da história.
O GELIT com o livro 1808 foi de grande beneficio para minha prática docente, nas aulas de história na EJA 2ª fase (7ª e 8ª séries), ficou mais fácil compreender Primeiro e Segundo Reinado com o auxílio do livro, ao qual fiz várias referências nas aulas, apresentei-o aos educandos e li trechos, usei também mapas e os textos que a orientadora usou conosco nos encontros. Assistimos Carlota Joaquina, a princesa do Brasil, enfim, usei e abusei de todos os recursos que foram apresentados no GELIT.
Falhei em não ter relatado esses acontecimentos nos encontros, acredito que por conta da minha insegurança como professora de História, me dedico mais a Língua Portuguesa, preferi omitir, mas foi uma ótima experiência. Se retornar a trabalhar com História (esse ano foi só para completar carga horária), utilizarei a metodologia de elaborar perguntas, ora os alunos, ora a professora, percebi que ajuda bastante a organizar as idéias elaborar os entendimentos e os desentendimentos, também.
Essa foi uma viagem fascinante, que não poderia deixar de ser relatada, por fim, trouxemos a história para mesa no seminário final, uma experiência diferente, lembro-me de ter feito algo parecido quando estudei o 2º ano do magistério, definitivamente o sangue artístico não está nas minhas veias. Prefiro apresentar do que representar, muito embora, relembrando friamente, a minha personagem, era eu mesma, falava daquele jeitinho nos encontros, com naturalidade, claro!
Minha participação está longe do que se possa dizer, oh que maravilha! Mas, considerando o meu percurso pessoal, dificuldade de memorização e de representação, associado com o tempo e pouco ensaio, sei que dei o que foi possível neste momento, embora ainda não seja o meu melhor.
O mais importante em tudo isso, é que o GELIT, cumpriu o seu propósito principal – despertar o gosto pela leitura.


REFERÊNCIA:

GOMES, Laurentino. 1808 – como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a história de Portugal e do Brasil. São Paulo: Planeta do Brasil, 2007.