terça-feira, 8 de dezembro de 2009

CineContexto


RESENHA DO FILME O ANO EM QUE MEUS PAIS SAÍRAM DE FÉRIAS:
Uma mistura de puberdade, futebol e ditadura militar


ANO EM QUE MEUS PAIS SAÍRAM DE FÉRIAS, O. Direção: Cao Hamburger. Roteiro: Cláudio Galperin, Bráulio Mantovani, Anna Muylaert e Cao Hamburger, baseado em história original de Cláudio Galperin e Cao Hamburger. Brasil: Buena Vista Internacional, 2006.


O filme O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias é o segundo longa metragem do diretor Cao Hamburger. Sua primeira experiência foi com o filme Castelo Rá-Tim-Bum, direcionado para o público infantil, já na segunda experiência, ele fala de infância para adultos.

Ambientado em 1970, no filme O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias a ditadura militar é suavemente retratada como pano de fundo sob o olhar inocente de um garoto iniciando a puberdade. Mauro (Michel Joelsas) sai de Minas Gerais e é deixado pelos pais no bairro paulista do Bom Retiro para ficar com o avô enquanto eles saíam de “férias”. Entretanto, enquanto o garoto fazia o percurso até o seu novo lar, seu anfitrião morre, o neto só fica sabendo depois de algumas horas de espera na porta da casa, recebe a notícia por um visinho judeu, do qual mais tarde se torna grande amigo, esse é o plot poit da narrativa.

Os pais de Mauro são exilados políticos, durante toda a narrativa há ícones que denunciam a tensão política militarista. As circunstâncias também tornam o menino um exilado, entre judeus, árabes, italianos, ele vai se adaptando a novos costumes e crenças religiosas e como via de escape, enquanto espera um telefonema dos pais, assiste aos jogos da copa do mundo de futebol e descobre a vocação para ser goleiro.

Apesar dos novos amigos, despertar a paixão da amiguinha e se apaixonar por uma garota mais velha, Mauro vive os conflitos da solidão longe dos seus pais e a ansiedade pela volta deles, marcada para o dia em que os jogos começassem e os telespectadores vivenciam a mesma aflição – os pais voltam ou não? Será que de exilados viram desaparecidos políticos?

Vale ressaltar que a temática do filme não é a ditadura militar e sim como a mesma pode influenciar na vida de uma criança, a existência é o que permeia toda a subjetividade do roteiro. O retrato do filme é fiel ao período que representa, objetos da época, a arquitetura foi reconstituída e até as cores contribuíram para ambientar as cenas, o pastel é tão melancólico quanto à ausência dos pais de Mauro. Há momentos em que a câmera fica aberta, afastando-se do objeto, esse movimento remete a imensidão do mundo infantil, em contra partida, ora acontece o contrário e a gravação em dolly in, da a impressão de que vamos mergulhar no interior de Mauro, na mais profunda escuridão da saudade.

O mundo infantil é complexo, sobretudo durante a passagem para a puberdade, o que requer um olhar sensível dos educadores, o filme O ano é uma boa indicação para turmas que estão nessa fase, não só pela beleza, mas também para refletir como a nossa existência está mesclada por diversas nuances de acontecimentos além do nosso controle. Nessa perspectiva é necessário que o professor contextualize, trazendo o pano de fundo – a ditadura militar – para o primeiro plano, para que os alunos possam criar sentido em relação à existência de Mauro. Para dar sentido a própria existência deles é interessante considerar a realidade vivenciada na localidade em que vivem. Por exemplo, na comunidade em que moro, localizada no sertão baiano, a longos períodos de seca, em que o pai de boa parte dos alunos vão a busca de trabalho em outras partes do país, como isso implica na existência deles.

Outro ponto alto do filme é a via de escape de Mauro, a Copa do Mundo, o espírito nacionalista, também era uma fuga para os adultos, dentre outras coisas. E hoje o representa a Copa do Mundo para o povo brasileiro, será coincidência ser no mesmo ano das políticas presidenciais brasileira? Dependendo da maturidade dos educandos, essa questão gera uma boa discussão acerca da política nacional.

Enfim o filme deve ser visto sob o primeiro olhar, o de uma criança que está vivendo entre o drama da perca e a felicidade da vitória – os pais e o futebol. Ao entrar na sala de aula cuidado com a mera didatização dessa obra prima.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

SEMINÁRIO FINAL DO CICLO III


O seminário final do Ciclo III aconteceu nos dias 04-05/12/09. A abertura foi com a coordenadora do curso Andréia, que nos deu as boas vindas, em uma agradável manhã de chuva, tempo bom no nosso sertão.

E para início de conversa o bate papo foi entre Cecília (Inez) e Morgana (Margô), uma retorspectiva dos Grupos de Estudos Literários (GELIT), desde a primeira turma até o terceiro ciclo da segunda turma.


Na sequência, os três GELITs do ciclo que estava se concluído apresentaram -se, foram belas apresentações!




O primeiro grupo que apresentou foi "Odisséia" orientado por Margô, de maneira dinâmica apresentaram os personagens do livro. Interagindo com a platéia, alguns cursistas e professores dirigiram-se ao palco e escolheram uma bola dentro do barco que tinha escrito o nome de um dos personagens e a bola era passado para o responsável por apresentá-lo.



O GELIT "Cidades Invisíveis", apresentaram paralelo as cidades invisíveis umas escolas diferentes - de borboleta, de madeira, de circo... "Escolas dos sonhos"! Vão até públicar essa invensão.



A orientadora Solange com o GELIT "Leite Derramado" apresentou uma instalação em forma de autódromo, ligando o percurso do livro ao mapa mundi, são cem anos de história situado no tempo e no espaço.



Fiz parte desse GELIT, no qual escrevi um pequeno memorial do caminhos trilhados (o texto na integra, está postado abaixo). Fiz a leitura acompanhada por Adriano, com um pelo fundo musical, pois o texto possibilitava melhor compreensão das demais apresentações do nosso grupo.Concluímos a apresentação com um belo coral.

A soma das vozes com o auxílio de Adriano no violão e de Rubinho na percussão garantiu o show, que revelou alguns talentos. Solange é uma caixinha de surpresa, sabedoura de tudo um pouquinho, etha mulher ecletica!

Intercalando com as apresentações dos GELITs aconteceu uma esposição da atividade
Geografia dos Contos, orientada por Inez Carvalho. A exposição foi um minimalismo, onde o espaço de cada conto era separado por paredes imaginarias e em cada porta um tapete com boas vindas a algum espaço e tempo do século XX.


Essa atividade me instigou a repensar sobre o que é contextualizar, a palavra está na moda, mas o domínio do conceito ainda é restrito a poucos.

Visto que contextualizar vai além da informação, é preciso construir sentidos, só assim seremos de fato autores, mas a coisa não é tão simples assim não. Para apimentar mais as dúvidas sobre contextualizar, na manhã do segundo dia foi realiozada uma Rinha Acadêmica, com a professora Inez e o Professor convidado Marcelo Farias. Com a cabeça fervilhando, a tarde, durante a avaliação do ciclo sugeri que oferecessem uma atividade sobre contexto e a criação de sentidos para o Ciclo IV.

Talentos foram revelados nas Produções Livres...





Outro show de talentos foi dado pelos alunos da Rede Municipal de Irecê (Esc. Mun. de Angical) que fazem parte da Cia Teatral Só Nós, dirigida por Marivaldo Lopes. Apresentaram o espetáculo "Dois corações e quatro segredos".



Depois de tanta arte, agora só resta repor as energias para o próximo ciclo!!!

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

O PERCURSO DO ESTUDO LITERÁRIO DA OBRA LEITE DERRAMADO


"A memória é deveras um pandemônio, mas está tudo lá dentro, depois de fumaçar um pouco o dono é capaz de encontrar todas as coisas. Não pode é alguém de fora se intrometer, como a empregada que remove a papelada para espanar o escritório. Ou a filha que pretende dispor minha memória na ordem dela, cronológica, alfabética, ou por assunto".
CHICO BUARQUE

É brilhante a maneira como Chico Buarque condensa 100 anos de história em menos de duzentas páginas. Em uma escrita alinear ele narra o monólogo de um centenário que percorre os quatro cantos do mundo sem sair de uma enfermaria.
A leitura dessa obra-prima é envolvente, aparentemente fácil, só que as 200 páginas se desdobram em 500, 1000... Sei lá! Depende do tamanho da curiosidade do leitor e as entrelinhas vão se desdobrando, à medida que a fada Sol vai batendo sua varinha de condão, com o auxílio da fadinha Nanda.

Foram quatro meses para compreendermos as quase 200 e algumas páginas do Leite Derramado e a primeira batida da varinha de condão foi no autor Chico Buarque. O convite foi: “Ao som de Noite dos mascarados, confeccione sua máscara, venha ao baile e prepare-se para viajar no “trenzinho do caipira”, “abre alas” para a passagem de um século de história”.
Pai, afasta de mim esse cálice... ainda não foi um protesto, mas mesmo calada a boca, resta o peito e Chico pergunta como vai proibir quando o galo insistir em cantar? Ele tinha razão, apesar de você, ditadura, amanhã há de ser um novo dia. Você vai se dar mal, etc e tal... Chico se autoexilou, em meio à ditadura militar brasileira. Eulálio Neto, neto do Eulálio que narra o monólogo no Leite Derramado, também tinha o sangue político da família, era comunista, foi preso e não veio a conhecer os sucessivos Eulálios que vieram depois.

Os 100 anos do Sr. Eulálio não começam por aí, suas histórias são do período do Império e suas memórias são mais velhas ainda, são do tempo de D. Maria, a Louca. Esse Senhor que se orgulhava das viagens que fazia até Crans-Montana nos Alpes Suíços, ao berço da cultura, Paris, gabava-se inclusive da qualidade da cocaína que consumia e das “putas” com quem ele e o seu pai ficavam. Entretanto, sua origem nobre era suspeita. Como o próprio narrou:

"Muitos de vocês, se não todos aqui, têm ascendentes escravos, por isso afirmo com orgulho que meu avô foi um grande benfeitor da raça negra. Creiam que ele visitou a África em mil oitocentos e lá vai fumaça, sonhando fundar uma nova nação para os ancestrais de vocês. Viajou de cargueiro até Luanda, esteve na Nigéria e no Daomé, finalmente na Costa do Ouro encontrou antigos alforriados baianos na comunidade dos Tabom, assim chamados porque da nossa língua conservaram o cacoete de falar tá bom. E diante do meu avô repetiam seu bordão, como a corroborar que era uma terra auspiciosa, a Costa do Ouro, para tal empreendimento. E após um acerto de parceria com os colonizadores ingleses, meu avô lançou no Brasil uma campanha para fundação da nova Libéria".

O velho era traficante de escravo e, como legado, deixou para nosso querido narrador, o preconceito. Nem mesmo o amor à bela Matilde, moça de pele escura, o ajudou a superar essa herança que lhe trouxe muita amargura.
Discretamente Chico denuncia o preconceito racial e social, “Matilde é uma quase castanha, vou lhe ensinar a falar direito, a usar os diferentes talheres e copos de vinho, escolherei a dedo seu guarda-roupa e livros sérios para você ler”. Outra temática da obra é a violência contra a mulher, pois o ciúme doentio que tinha de Matilde, levava seu marido a ofendê-la constantemente. Sobretudo quando a vê dançando maxixe com o ex-escravo Balbino vestido em uma calça justa roxa. E aquele “Jura, jura, jura, de coração/ para que um dia eu possa dar-te o meu amor/ sem mais pensar na ilusão” servia como uma punhalada no coração ciumento do nosso narrador. Em um único parágrafo o autor reproduz a cena, com uma riqueza de detalhes que leva qualquer leitor contemporâneo a desejar antecipar a história e fazer valer a Lei Maria da Penha em plena República.

Falando em República, Eulálio refere-se a esse período ao dizer que “o momento político é delicado, ministros vacilavam” e muitas horas ele e seu amigo Dubosc amargaram em antessalas do governo. Paralelo a essa leitura, mais uma batida da varinha de condão e surgem as equipes rosa X amarela em uma gincana que nos lembra acontecimentos que abalaram o mundo inteiro como a I e a II Guerras Mundiais e que depois inspiraram os poetas Vinícius de Morais e Gerson Conrad a compor a canção Rosa de Hiroshima. Mesmo em meio a desgraças, a arte vive a revolução. No Brasil a Semana de Arte Moderna chamou a atenção. Eulálio apreciava a arte internacional, no seu repertório, estavam o expressionismo, a renascença... cresceu ouvindo Mozart e, claro, se indignava ao ouvir sua pequena Maria Eulália ser embalada ao som de Macumba-Gegê, entoado pela mãe.

E para não dizer que não falei das flores, foi caminhando e cantando e seguindo a canção, que encontramos Rubinho e Adriano, parceiros neste empreendimento, e vimos que somos todos iguais, braços dados ou não.

Passado o período da censura, veio a globalização e, no Brasil, as privatizações, a corrupção causaram revolta e revoluções. Nas ruas, Caras Pintadas fizeram manifestações. As Diretas Já! foram outra conquista da nossa nação.

Na última década, ataques terroristas abalaram a grande potência, mas foi a crise econômica mundial que veio como uma gripe suína para a nossa perturbação. Descobrir tudo isso não foi com pó de pirlimpimpim não, foi com muita pesquisação.

Com a batida da varinha de condão fomos parar em um autódromo, demos a largada, entre o ponto de partida e de chegada foi feita a intertextualidade. O convidado de honra foi Machado de Assis com sua obra Dom Casmurro. Há alguns pontos em comum entre a obra do convidado e a obra estudada. Ambos os protagonistas são ciumentos das suas amadas e as incógnitas são: Capitu traiu Bentinho? E Matilde? Traiu Eulálio? Para apimentar ainda mais o suspense Chico deixa outra dúvida no ar: – De que morreu Matilde? Não se sabe ao certo, cabe ao caro leitor desvendar, se é que ela morreu! Ao pobre Eulálio, só restava chorar sobre o “leite derramado” e o desejo, a necessidade e vontade de ter sua história registrada para a posteridade.
E a nós cursistas do GELIT Leite Derramado só nos resta dizer: Solange Marciel amante de Chico, amante de Machado, amante da pátria, Sol que irradia organização, conhecimento, colaboração e ética, em essência, apenas um ser humano a quem admiramos, nosso muito obrigado por ter contribuído com o crescimento da nossa árvore do conhecimento.

GEO DOS CONTOS



ANÁLISE DO CONTO TANGERINE GIRL DE RACHEL DE QUEIROZ

O conto Tangerine Girl foi escrito no final da década de 40 por Raquel de Queiroz, nesse período a autora morava no Rio de Janeiro e tornou-se jornalista/cronista exclusiva da revista O Correio.
Nesta mesma década, Rachel de Queiroz se afasta da esquerda ao se decepcionar com a notícia de que uma picareta de quebrar gelo, por ordem de Stalin, havia esmigalhado o crânio de Trótski o mundo estava em guerra, II Guerra Mundial. Na década anterior ela ajudou a fundar o PC cearense, em sua terra natal. Logo depois, em 1932, seu segundo Romance – João Miguel – é barrado pelo partido comunista, pois no livro um operário mata outro, ela rompe com o partido alegando que o mesmo não tinha autoridade para julgá-la. Em 1937 seus livros tinham sido queimados em Salvador - BA, juntamente com os de Jorge Amado, José Lins do Rego e Graciliano Ramos, sob a acusação de ser subversivos, isso aconteceu sob o decreto do Estado Novo.
Faço essa retomada histórica para compreendermos como o cenário político compõe o ser Raquel de Queiroz e seus escritos até o final da década de 30, esse rompimento político influenciará uma nova etapa no estilo de escrita da autora, ou seja, de revolucionária política passa escrever crônicas sobre costumes, o conto Tangerine Girl é influenciado por essa nova fase da escrita.
O conto Tangerine Girl é ambientado no Rio Grande do Norte, onde se localizava a base aérea Norte Americana, foi um período pós II Guerra Mundial, na qual, o Brasil apoiou os EUA. O texto retrata o impacto que a presença dos soldados americanos teve nas famílias que residam próximo à base. Algumas garotas depositaram nesses rapazes a esperança de um casamento com direito a ascensão social, entretanto a maioria deles só queriam uma aventura, inspirados no imaginário americano sobre as mulheres latinas americanas, a partir da atriz de cinema Dorothy Lamour que em 1937 ganhou o mundo com as pernas à mostra.
Tangerine Girl, embora ainda uma menina, retrata o padrão de comportamento feminino que se esperava das mulheres na época, frágil, responsável pelos afazeres domésticos e com a sexualidade reprimida. Padrão esse que ainda é presente na sociedade atual.

OFICINA DE ÁUDIO

EDIÇÃO DO PROGRAMA DE ÁUDIO

A Oficina de Áudio abriram as portas para levarmos a tecnológia para as escolas. Conhecer as técnicas para produzir um programa de rádio foi significativo para a produção do programa, não basta "falar e capturar a voz", é necessário manipulá-la para fique agradável aos ouvintes, colocar efeitos, fundo musical...
Gravamos com os alunos da Escola Municipal de Angical um programa educativo - DO MUNDO DA LEITURA PARA LEITURA DO MUNDO - divulgamos textos produzidos por eles mesmos, ficaram muito empolgados, isso é evidente nas imagens postadas no blog Refletindo e Aprendendo.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

OFICINA DE ÁUDIO

Manipular as ferramentas durante a Oficina de Áudio, foi a grande descoberta desta atividade. Brincar com as vozes, colocando efeitos, foi um barato!
Entretanto, o primeiro encontro foi o mais marcante. O contato com a evolução dos meios de comunicação audíveis, foi uma viagem no tempo. De fato, as leituras nos asseguraram o processo histórico e sócio-político em que se deu esse desenvolvimento.
Há termos até então desconhecidos, como esses usados por André Lemos
"O podcast é assim um sistema de produção e difusão de arquivos sonoros que guardam similitudes com o formato dos programas de rádio. O sistema funciona da seguinte forma: com um computador doméstico equipado com um microfone e softwares de edição de som, o usuário grava um programa (sobre o que quiser), salva como arquivo de som (MP3, por exemplo) e depois torna-o disponível em sites que são indexados em agregadores RSS (Really Simple Syndication)[3]. O usuário baixa o arquivo para o computador e daí para seu tocador de MP3. O sistema, criado pelo ex-VJ da MTV americana Adam Curry, pressupõe a cadeia completa de produção e de distribuição."
Questiono-me, é isso que estamos produzindo? Ainda tenho dúvida.
Os ambientes em rede, especialmente nos fóruns, deparei-me com as ricas reflexões dos colegas a cerca do papel dos meios de comunicação na educação ou vice-versa.
Para ter a chave de ouro produzimos um programa de rádio nas escolas que lecionamos, com a participação dos nossos alunos.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

GEAC - História da Pedagogia


CÉLESTIN FREINET
SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A EDUCAÇÃO ATUAL

O grande pensador Freinet nasceu em 1896 em Gars, viveu durante as duas Guerras Mundiais, na primeira, em 1914, teve seus pulmões lesionados por conta dos gases. Já na segunda Guerra Mundial foi preso acusado de atividades duvidosas com a Cooperativa do Ensino Leigo, por essa ocasião, já havia sido exonerado do cargo de professor, perseguido por suas idéias inovadoras na educação. Ao lado da sua esposa, Elise Freinet, construiu sua própria escola onde aplicou seus experimentos. Foi um dos lideres na luta por classes com 25 alunos, na qual foram vitoriosos. Outro legado “atribuído” a Freinet, é a fundação, pelos seus discípulos, da Federação Internacional dos Movimentos da Escola Moderna, em mais de 40 países. Vale ressaltar que, diante desse contexto, ele era filiado ao Partido Comunista Francês e a Resistência Francesa ao Nazismo.
Seus ideais educacionais têm como matiz às influências dos escolanovistas, que vão de encontro com os escolásticos. Tanto a organização do ensino, como o aprendizado em si, são baseados em uma visão marxistas. Dentre essas idéias, destaca-se que o trabalho é natural da criança, de modo que o objetivo dele é criar uma escola para o povo que forma cidadãos para o trabalho livre e criativo.
O papel do professor, segundo Freinet, é de organizador do trabalho, para tanto esse deve fazer da sala de aula um clima de laboratório para os alunos sintam-se estimulados a experimentarem, encontrarem respostas para suas dúvidas, neste ambiente ela vai ajudar e ser ajudada pelos seus colegas. São atualmente as salas ambientalizada. Ainda, cabe ao professor colaborar para o melhor êxito do aluno, pois o erro é inadmissível, o que posteriormente foi concebido como parte do processo de aprendizagem, por Vygotsky, outro que foi ao encontro dele posteriormente foi Wallon, ambos defenderam a afetividade como a forma mais profunda de aprendizagem. Outro pensamento de Freinet que converge com a pedagogia atual é a idéia da práxis, ou seja, uma relação dialética entre pensamento e ação, teoria e prática.
Freinet deixou outros legados para educação atual, os quais usamos, às vezes, inconscientemente. Por exemplo, ao defender a livre comunicação, pensava-se nos jornais orais ou impressos (jornais murais) para circulação dos textos livres – poesias, desenho, pinturas, etc.; as aulas passeios, pois acreditava que os interesses das crianças estava fora e não dentro da escola, assim elas poderiam se sentir mais motivadas; a correspondência interescolar, para as crianças aprenderem a ter uma vida cooperativa.
Considerando a visão de Freinet sobre o erro, os textos para ser divulgados, tinham que passar por uma revisão minuciosa. Não defendia os manuais por serem genéricos e não atender as necessidades das crianças, que eram incentivadas a visitarem bibliotecas. Em sala de aula os professores construíam em interação com a turma o fichário de consulta, para ajudá-lo na resolução das atividades. É produzido, também em classe, o livro da vida, o texto é livre, para que a criança expresse seus diferentes modos de ver a aula e a vida. Por fim, alunos e professores devem se auto-avaliar regulamente.
As contribuições desse pensador para os atuais pedagogos, ainda são válidas, entretanto é necessário ter cuidado para não seguir as técnicas dele como mera repetição, precisamos sobre tudo ter ideologia, para que o nosso discurso, também seja válido.
Contudo, podemos concluir que o ideal de Freinet era construir a democracia na escola para garanti-la na vida adulta.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

GEAC - Tensões da escola

A ESCOLA DO SIM, DO NÃO E DO TALVEZ

Para retratar a escola do não, além dos textos lidos, assistimos ao filme Professor, profissão perigo, que demonstra o descaso do Estado com a educação pública. A escola não oferece condições para que ocorra o ensino e a aprendizagem, a delinqüência juvenil vira fundo musical nas aulas, ainda há um pouco de respeito pelos professores que são da comunidade em que a escola está inserida, o preconceito em relação aos novatos na escola também ocorre em relação aos alunos, quando chegaram duas garotas muçulmanas e o diretor não aceitou que elas usassem a burca, lembrando que a igualdade é excludente, essa situação causou polêmicas, envolvendo família, escola e legislação. E quanto a nós, consideramos que nossos alunos quando chegam à escola eles já têm uma vivência social que não pode ser negada? Nessa escola do não, a instituição e seus membros não têm real significado para os educandos, pois os mesmos não são vistos individualmente e tampouco no seu contexto cotidiano.
Na escola do sim destaco a forma de avaliar. Pois, As dificuldades para dimensionar a aprovação/promoção das crianças na escola, às vezes, podem ser por conta da falta de precisão quanto aos avanços dos alunos, em algumas avaliações faltam critérios pré-estabelecidos e instrumentos adequados para os objetivos planejados. Por exemplo, o professor planeja com um objetivo, desenvolve atividades em torno do mesmo, mas na avaliação cobra outro conteúdo, além desse equivoco, dá a nota baseado em um instrumento final desconsiderando o processo.
Outra reflexão interessante foi acerca da historia de vida do aluno e do professor. A história de vida da criança, quando relacionada com a escolarização perpassa pela questão do nível de escolaridade dos pais e como essa influi na aprendizagem do filho. Pensando nessas questões o professor fica diante de uma questão ambígua: sua história enquanto filho de pais analfabetos, e seus alunos, alguns também como filhos de analfabetos. Fomos educados sob uma corrente teórica filosófica empirista, em que se cria que o individuo é uma folha em branco, tabua rasa, que nada sabe ao nascer, portanto ao irmos para a escola, pensava-se que não sabíamos nada sobre os conhecimentos escolares, tampouco nossas experiências familiares, sociais, tinham valor para educação formal, portanto a formação de nossos pais não tinha nenhuma influencia na nossa escolaridade.
Como educadores é que nos deparamos com a idéia de que com pais analfabetos precisam de mais atenção, relata-se que essas crianças não têm o exemplo, o acompanhamento, os próprios pais justificam que não sabem ensiná-los.
Com a adesão da rede municipal com cursos de formação do MEC, passamos a discutir a importância dos conhecimentos prévios das crianças ao iniciarem sua vida escolar e durante a mesma, neste período tivemos influencia da corrente teórica filosófica, interacionista.
Durante a graduação estamos tendo contato com diferentes teóricos que discutem a participação da família na educação da criança. Nos deparamos com pontos de vistas diferentes, alguns pensam que a educação escolar deve ser assumida inteiramente pela escola, outros defendem que é responsabilidade, também da família, e há aqueles que designam a cada um seu papel, sou adepta desse último, acredito que essa seja a escola do sim, que aprova sem transferência de responsabilidades.




Considerando que as pessoas são, também os lugares, me encontro na escola no pátio, na biblioteca, gosto dos espaços coletivos, acredito que as aprendizagens se dão numa relação horizontal.
Na foto acima alunos e funcionários da escola lêem informações no Jornal Mural exposto no pátio da Escola Municipal de Angical, onde leciono. Os alunos do 9º ano organizam as matérias com colaboração de todas as turmas. O projeto que foi elaborado coletivamente no segundo bimestre, já garantiu doze edições do jornal, mais as edições especiais em datas comemorativas.
Fascina-me o projeto de leitura da escola, que a cada quinzena pára todos para leitura, são 30 minutos em não se pega em vassouras, não atende telefone, a única coisa que se abre são os livros. Leitura prazerosa, ler por ler.

GEAC - História da Pedagogia

Uma das leituras mais densas do Ciclo foram as realizadas no GEAC Pedagogia ao Longo da História. Fizemos uma viagem pela Grécia, Roma, o Período Medieval, Renascimento e Iluminismo. A primeira parada da viagem foi feita pela professora Roseli, na Grécia; que nos apresentou os primeiros pedagogos (servos), a polis e a formação do cidadão, o helenismo, o surgimento da Paidéia (paidos = crianças, criação dos meninos + pedagogia).
A parada em Roma foi comandada por mim, Clébia e Osenita, onde ampliamos o conceito da Paidéia com as idéias de Cícero que introduz uma paidéia humanista, numa perspectiva do ser humano como indivíduo, capaz de penetrar na psicologia juvenil, visando o afeto e a capacidade dos pais perceberem as limitações e qualidades dos filhos. As seguintes palavras de Horácio (in: Cambi, 1999, p.107) “a Grécia conquistada, conquistou seu feroz vencedor”, traduz muito bem o que aconteceu em Roma, ela conquistou politicamente a Grécia, mas foi a derrotada Grécia que a conquistou culturalmente.
Voltando às discussões sobre identidade, percebe-se que por mais que neguemos nossas raízes culturais, elas estão intrínsecas ao ser e em um dado momento elas podem voltar com mais força do que antes. Em Roma, por exemplo, no século VI, Gregório (in: Cambi, 1999, p.118), anuncia a morte ao culto, ou seja, depois da ruptura político-religiosa, do êxito cultural, as conquistas na educação (escolas estruturadas por graus, manuais, etc.), os anti-helenísticos, conseguem o retrocesso em relação ao que havia sido conquistado, o que se harmoniza com as palavras de Boyd (in: Cambi, 1999, p.119)
Roma não tinha mais a iniciativa quanto a idéias, e os sucessivos eventos de destaques no campo da educação se verificam de novo no Oriente, onde se vinha elaborando de maneira cada vez mais rica a doutrina do cristianismo.

Essa é a situação em que se introduz o Período Medieval. A viagem continua com os colegas Gervásio, Brisa, Joana e Maurina.
O Período Medieval é marcado por mudança no sistema de ensino, aparecem as escolas Palatinas (escolas nos palácios para os filhos dos monarcas). Os homens nobres passam a estudar as sete artes liberais. Outro grande marco são as escolas seculares laicas, embora ainda com professores leigos.


O período renascentista destaca-se a idéia de que o homem é o centro, contrapondo com as idéias teológicas, por meio da reforma e contra-reforma. Nas obras artísticas percebe-se o naturalismo, o homem como ele é. Muitos pensadores dessa época se destacaram, dentre eles: Descarte, racionalista; Comênius, com a Didática Magna;Jonh Locke, liberalista; Fénelon defendeu a educação feminina, embora ainda como apêndice em mundo masculino.

Os enciclopedistas, na França contribuem para o surgimento da idade das luzes. Esses iluministas defendem a igualdade e liberdade, acreditavam que por meio da educação conseguiriam seus ideais. Principalmente Rousseau relacionou as questões políticas com a educação. Na pedagogia defendeu o naturalismo, alegando que, o meio corrompe o homem. Escreveu o livro Emílio, que é criticado, sob o pinto de vista de que Rousseau uma educação elitista e individualista, visto que o educando, na obra, isola-se e tem um percussor.

OFICINA DA PALAVRA ESCRITA II



Na Oficina da Palavra Escrita II a discussão sobre gênero e tipo foi muito produtiva. Dúvidas não faltaram, algumas foram para o fórum DEDOS DE PROSA.
Dentre as reflexões, pensamos na hibridação nos textos, ou seja, não há gênero puro. As produções abaixo são provas desse intergênero.


PROPAGANDA X POEMA
Por: Rita Cácia, Clébia Lúcia e Francinete Brasil

Para falar com o amor
Compre um celular
E ganhe outro

Para aumentar o amor
Fale por mais tempo
E ganhe bônus

Adquira seu FALE
Com operadora LOVE
E se apaixone...

Para presentear seu amor
Dê um beijo com tremor
E um belo celular.


RECEITA DE ESCRITA
Por: Rita Cácia

Ingredientes:
1 caneta ou teclado
1 caderno ou tela
1 dúzia de idéias
200 paginas de boas leituras
1 hora de reflexão
Revisão a gosto

Modo de fazer:
Primeiro faça a leitura de bons textos, tire um tempinho para refletir e as idéias surgirão. Use a caneta e o caderno, mas se quiser ganhar tempo use o PC. Não esqueça de revisar, fica a seu critério se vai usar a lista de correção do seu computador e/ou a professora de escrita apoiada da UFBA.

Rendimento: muito conhecimento.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

CineContexto - As Horas


(Re)pensando o papel da escola, é intrigante a questão – como se ensina a ser menina – o segundo encontro da atividade CineContexto e o GECI As Horas tinham como objetivo em suas ementas essa discussão. Entretanto a polêmica no GECI acerca do homossexualismo ofuscou o foco do encontro, como a identidade feminina é construída na escola e pela sociedade, bem como os fatos histórico que contribuíram para a formação de cada protagonista que compõem o enredo de As Horas do roterista David Hare, que baseou-se no livro que tem o mesmo título, do autor Michael Cunnigham que inspirou-se na obra Mrs. Dalloway de Virginia Woolf.
É um filme fantástico para pensar na construção da narrativa – situação inicial, conflito (plot point, ponto de virada), desenvolvimento, clímax e desfecho – segue a mesma seqüência da narrativa textual, esse modelo é inspirado em Aristóteles.
O filme As Horas apresenta três narrativas que acontecem em tempos e espaços diferentes. Com a protagonista Mrs. Virginia Woolf, voltamos a 1920, em Richmond, subúrbio de Londres. Período pós I Guerra Mundial, essa personagem é real, as outras duas são fictícia, mas um retrato da realidade de cada época em que viveram. Mrs. Laura Brawn viveu em 1950, em Los Angeles, pós II Guerra Mundial. E Mrs. Clarissa Lungh, nossa contemporânea, 2000, em Nova Iorque, seu tempo é marcado pela luta contra a AIDS. Todas vivem uma guerra interior em relação as suas identidades, lutam contra a violência contra a mulher que aparece de forma sutil, mas devastadora, o roubo da suas identidades. As duas primeiras assumiram os papéis dos homens nas fábricas e como chefes na família. Depois lhes restam apenas serem boas donas de casa, mães e esposas para agradarem seus heróis que voltaram da guerra. Clarissa passa a viver para o amigo aidético, embora aparentemente bem resolvida é mais a frágil das três, livre e presa ao mesmo tempo, amarrada ao passado, perdeu sua identidade.
Nos dois períodos pós-guerras mundiais, ocorreram os movimentos feministas. A própria Virginia Woolf liderou o I movimento e influenciou inúmeras mulheres com sua obra Mrs. Dalloway, o movimento foi criticado por ser radical em relação a ser dona de casa, mãe e esposa. O II movimento em 1960-1970, liderado por Betty Friendan, em contraste ao I defendia que aquelas mulheres que queriam ser esposa, mãe e dona de casa, deveriam ser, desde que escolhessem isso. A crítica desta feita foi por alegarem que Friendan defendeu os interesses das mulheres de classe média, as de classe baixa não tinham direito à escolha. Friendan chamou a crise de identidade das mulheres de “mal sem nome” ao referir-se à depressão, daí seu livro A Mística Feminina. Hoje a mulher além de esposa, mãe, dona de casa, profissional, tem que ser acima de tudo mulher, escrava da mídia.
Mas o que essa mística feminina tem a ver com a minha prática como professora, como ensino às meninas a serem mulheres? A repressão é constante, nas brincadeiras, algumas concebemos como sendo exclusiva de um dos sexos, como uma colega relatou já na educação infantil, os brinquedos são divididos, para homens e mulheres, os quais não brincam juntos. A forma de sentar, reclamamos as meninas que se sentam de qualquer jeito, que falam algumas palavras, principalmente as relacionadas a sexualidade. Menino não chora, logo menina é frágil. Sem falar na literatura, os contos de fadas que retratam a mulher sempre a serviço do homem. Enfim confesso que inconscientemente, simplesmente reproduzia o modelo vigente de ser mulher, embora não concorde com padrões, não sou uma radicalista, mas também, não sou obediente em tudo que a sociedade machista dita. O ponto em questão é, nunca tinha pensado a identidade feminina como currículo escolar.

CineContexto


CRÍTICA AO FILME CINEMA, ASPIRINAS E URUBUS:
UMA PROPOSTA EDUCACIONAL

CINEMA, ASPIRINAS E URUBUS. Direção: Marcelo Gomes. Roteiro: Marcelo Gomes, Paulo Caldas e Karim Aïnouz. Brasil: Imovision, 2005, 90 min.

O filme Cinema, Aspirinas e Urubus é o primeiro longa metragem do cineasta pernambucano Marcelo Gomes. A idéia surgiu no convívio familiar, seu tio-avô Ranulfo Gomes relatava acerca de um alemão que nos anos 40 aventurou-se pelo nordeste brasileiro vendendo aspirina, remédio vindo da sua terra natal, Alemanha. Esse é o pano de fundo do filme.

Marcelo Gomes homenageia o tio, sua fonte de inspiração, por batizar um dos protagonistas com o seu nome – Ranulfo (o ator baiano João Miguel), o qual vivencia o nordestino que contracena com o alemão Johann (Peter Ketnath). Essas duas personagens se encontram na estrada e aventuram-se, caatinga adentro, em um caminhão, caracterizando o filme como road-movie. Cada um foge da sua identidade, mas ambos buscam sua identificação. A composição individualizada desses dois homens de mundos tão diferentes, mas que buscam os sonhos, é o patho que os movem e por fim os separam.

A verossimilhança compõe a unidade dramática do filme, até mesmo a ausência de um fundo musical é um componente básico. Pois, por meio do silêncio, há a denuncia à solidão das personagens, a angústia de ambas frente à situação sócio-política que vivem. Enfim, torna as cenas mais marcantes. Este filme é um marco no cinema nacional, que está amadurecendo gradativamente, caracteriza-se como cinema popular de arte. Marcelo Rocha brinca com o olhar do telespectador, a mudança de dolly out para dolly in, causa estranheza. Como boa parte do filme se passa dentro do caminhão os ângulos são focados em dolly in, ou seja, com a câmera próxima do objeto.

Os anos 40 marcam a temporalidade dos acontecimentos, o mundo em guerra, o Brasil se alia aos Estados Unidos da América, inimiga da Alemanha. A produção de borracha se intensifica, o que demanda um número maior de mão de obra não qualificada. Diante da demanda nos seringais da Amazônia e da seca no Nordeste, esse foi o destino de muitos nordestinos, entretanto trabalhar para fornecer borracha para os EUA era só uma extensão da miséria vivida anteriormente. Com esses últimos acontecimentos, a aspirina fica proibida no Brasil. O tempo dramático muda a cada cena, o rádio que anuncia as notícias locais e mundiais é um ícone que simboliza a cadência, sobretudo de Johann, que traz a tona várias lembranças. Na resolução, aparece a figura do urubu, o qual é permeada de um subtexto, que nos leva a algumas leituras, dentre elas, uma alegoria a resistência do povo nordestino ao lutar pela sobrevivência.

Essa obra prima de Marcelo Gomes, é um retrato do sertão, os figurinos, a linguagem, não sobressaem nas cenas, mas as tornam mais reais, sem apelação. A escolha de atores que nasceram no próprio cenário que representam, inclusive o alemão, deu um tom de originalidade na composição das personagens. O cineasta foi feliz ao condensar em 90 minutos um roteiro que perpassa por diferentes espaços, entrelaçando-os de forma clara, compreensível, entretanto sem perder de vista a estética fílmica do Cinema Novo.

É um filme para assistir pelo simples prazer de apreciar uma obra de arte com boa qualidade. Mas, também, pode ser indicado para estudos mais específicos em algumas áreas de conhecimento. A sua ethos enriqueceria as discussões nas aulas de Filosofia, além disso, as questões relacionadas à identidade, identificações e preconceito, poderiam render o bate papo com os alunos. Independente da disciplina é preferível que o filme seja exibido para educandos das séries finais do Ensino Fundamental – 7ª e 8ª séries – há algumas cenas picantes.

Nessas séries indicadas os professores de Língua Portuguesa podem analisar a linguagem regional e/ou a produção de sinopse, resenha crítica, propaganda, visto que o filme é parte da nossa realidade. A linguagem fílmica não pode passar despercebida ao estudar esses gêneros textuais nesse contexto. Antes de assistir o filme, levantar hipóteses a partir de uma cena ou de um trecho de resenhas já produzidas. Isso é válido para as outras disciplinas também, pois cria expectativa e contribui para formação de uma platéia mais receptiva.

História não poderia ficar de fora, todo o conteúdo do filme é histórico. O diferencial entre o filme e a maioria dos livros Didáticos de História é a forma como a temporalidade é apresentada, os fatos locais, no Brasil e no mundo são simultâneos e se cruzam. As questões econômicas aparecem numa intensidade, sob a influencia da globalização, que possibilita um trabalho interdisciplinar com Geografia. Vale ressaltar que a interdisciplinaridade pode ser feita entre todas as disciplinas mencionadas, cabe ao professor que assumir a atividade criar esse hipertexto.

Sou professora de Língua Portuguesa, na Escola Municipal de Angical, nas séries finais do Ensino Fundamental, experimentei as sugestões citadas acima em uma turma de 9º ano (8ª série). A princípio, quando mencionei que o filme foi gravado no nordeste, logo uma aluna comentou, filme brasileiro e gravado no nordeste, não presta. Essa opinião foi o ponto de partida para as questões relacionadas à identidade e identificação. O trailer e as resenhas os ajudaram a levantar algumas hipóteses sobre o filme, tramitar um pouco por tempos paralelos e espaços diferentes. Discutimos o contexto histórico, a linguagem fílmica e a estrutura do gênero textual resenha. Nas resenhas que produziram a maioria concluíram que é um bom filme para estudarem os conteúdos escolares, mas que não assistiriam por lazer, acharam monótono, porém contraditoriamente, reflexivo.

O filme pode até não dá conta de abarcar essa gama de conteúdos, no primeiro momento, nas atividades escolares. Entretanto se conseguir sensibilizar o olhar desses jovens telespectadores em relação a nossa realidade, já é um grande feito, que certamente enobrecerá a produção fictícia do cineasta Marcelo Rocha.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

V Evento Cultural de Angical X Oficina de Áudio

Há cinco anos que o Colégio Municipal de Angical realiza eventos culturais em praça pública. Os alunos apresentam as atividades realizadas em sala de aula orientadas pelos professores, os quais fazem um breve relato da atividade realizada para o público. Cada noite é encerrada as atividades com uma atração musical com artistas da região. No primeiro dia, deste ano, tivemos a presença dos cursista de música da UFBA. Foi um Show!
Apresentei com os meus alunos, dos anos 6 e 7, um recital de poesias. Com os alunos do ano 8 produzi o texto da vinheta para anunciar em um carro de som, o evento para a comunidade . Uma aluna foi eleita pela turma para gravar. A oficina de áudio veio na hora certa, tivemos o apoio do Ponto de Cultura, onde gravamos e editamos a vinheta. Foi uma senção muito boa participar em todas as etapas, Contei com a parceria com as colegas Francinete e Clébia na edição.
A vinheta cumpriu seu proposto... tivemos um bom público... o evento já virou tradição para a comunidade de Angical.



Exposição das Produções Artísticas





No dia 08/10/09, aconteceu a exposição das produções artísticas no Auditório da UFBA, foi um show de criatividade, orientado pela professora Giovana Dantas.
Além do meu ensaio fotográfico da caatinga, o colega apresentou um ensaio com personagens ilustres da cidade. Terra virou textura, tinta (imagem 1)... Revelaram-se verdadeiros artistas!

Produções Artísticas




INFÂNCIA


O cheiro, as cores, os sons... A caatinga é um cenário perfeito para aguçar os nossos sentidos e apurar a sensibilidade humana - o berço do homem sertanejo, que passa despercebido ao olhar cotidiano, sofrido com a seca e embaçado pela poeira.

Cresci ouvindo meus pais e avós falarem da beleza da caatinga, mas parecia que existiam dois mundos diferentes, outras pessoas falavam dessa mesma caatinga como um lugar cor de cinza, sem vida. Além disso, era como se a caatinga só existe lá na roça, na reserva. Demorou até compreender que toda a vegetação que me cercava era a caatinga; preferi vê-la com os olhos que encantavam meu imaginário na infância.

A primeira vez que fiz uma excursão em uma reserva de caatinga foi numa Escola de Técnicas Agrícola de Irecê – ESAGRI. Nunca mais olhei o trajeto entre a cidade e a vila que moro – Angical – com os mesmos olhos. São 12 km de estrada de chão, outrora asfalto, ladeada no inverno por belos são joeiros floridos, acompanhados por alguns mandacarus e barrigudas alvinhas, dentre roças de milho, feijão, mamona e até girassol. Na estiagem a paisagem verde – amarela, dar lugar a outra paisagem cinzenta, das árvores secas, alternadas com cactos verdes.

Recentemente fiz outra excursão ecológica, desta feita, para uma reserva de caatinga que fica de fronte a escola que leciono, na própria comunidade em que resido, conhecida por todos como Manguinha. Na semana seguinte participei da oficina de Criações Artística, na UFBA, na qual a orientadora Giovana Dantas, artista plástica, nos propôs um projeto de criatividade. Naquele dia a volta para casa deveria ser investigativa, além de observar, fomos incentivados a fazer o registro da paisagem.

Saí tão apressada do encontro, para pegar o ônibus, que acabei esquecendo do dever de casa. Na manhã seguinte, sentei num dos bancos do jardim da faculdade, aguardando o horário da aula, quando percebi um besouro tentado desvirar de posição, se equilibrar e pegar vôou. Lamentei não estar com a câmera fotográfica, ao lembrar de uma foto espetacular que fiz de uma abelhinha tirando o néctar de uma flor, na última excursão que fiz.

Só ao entrar na sala me dei conta do meu esquecimento. Alguns colegas já tinham projeto e até Diário de Bordo escrito. Outra colega falou da ladeira, popularmente conhecida como Cansa Jegue, no caminho de Irecê a Angical. Minha memória foi acionada, conduzido me a beleza da caatinga que me acompanha naquele mesmo caminho. Juntando as experiências já citadas, logo fiz um recorte mental e meu projeto estava encaminhado – um ensaio fotográfico na/da caatinga.

Fiz uma retrospectiva de tudo que marcou minha infância: os buzos que viravam bois, as árvores com seus mais deliciosos frutos, umbuzeiros, quixabeiras e juazeiros. Outras plantinhas que só alimentavam os pássaros e as crianças, outras só serviam para brincar, comidinha de boneca ou colocava na palma das mãos só para pipocar. Os mais ousados se divertiam colocando armadilhas para aprisionar os pássaros, ou com um estilingue, para matá-los. Só não valia essa vadiação na semana santa.

Aproveitei o feriado para retornar a Manguinha com alguns amigos, foi como mexer num baú, inclusive encontrei ervas que curaram meus resfriados de infância e o pião que fazia as crianças se livrarem das verrugas. Na trilha que seguimos, havia uma quixabeira que nos convidou a um acampamento. Não estávamos preparados para tanto, mas fizemos um piquenique, acompanhado de muitas histórias de infância.

O cheiro da natureza, com diversas essências, as cores com várias nuances, acompanhados de um fundo musical que é uma verdadeira sinfonia, é um convite ao retorno...

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

ÁUDIO NA EDUCAÇÃO



Usar diferentes linguagens na educação torna nossas aulas mais dinâmicas, além disso possibilita aos alunos desenvolverem outras habilidades, até os mais tímidos dão um show na oralidade. Podem conhecer a evolução tecnológica na área de áudio, desde o rádio a pilha até a rádio na Web. Vale a pena refletir acerca da qualidade sonora em diferentes instrumentos e épocas.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

GELIT




Nos encontos de estudo literários, fomos cativados pela historiadora Rúbia Margareth a nos deleitarmos na longa obra literária que reune os cem melhores contos do século. visto que a obra está organizada em ordem cronologica, contextulizamos no espaço e no tempo, vizemos um paralelo com as músicas da mesma época. Mas o grande barato mesmo, foi desenvolver a arte de contar, nos encantamos uns com os outros, levamos para nossas aulas e enfrentamos o medo de um público maior, apresentamos no seminário final do ciclo II.
Foi um sucesso!!!
Tivemos o privilégio de apresentar em Tapiramutá para uma platéia bem receptiva...

domingo, 21 de junho de 2009

SOFTWARE LIVRE

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA - FACULDADE DE EDUCAÇÃO
PEDAGÓGIA - ENSINO FUNDAMENTAL/SÉRIES INICIAIS
ORIENTAÇÃO - BONILLA
CURSISTAS - CLÉBIA LÚCIA FIGUEIREDO
JOANA FERREIRA ANDRADE
RITA CÁCIA FERNANDES


O SOFTWARE LIVRE NA CIDADE DE IRECÊ


Na década de 70 já se pensava em um sistema operacional livre, com o desenvolvimento do Kernel por Linus Torvalds. O jovem hacker, universitário, Richard Stallaman começou a desenvolver aplicativos na década de 90. Unir as idéias desses dois estudiosos contribuiu para quebrar as gaiolas do monopólio dos Softwares Proprietários. Ambos objetivavam criar um sistema operacional totalmente livre, surgiu assim o GNU/Linux, a base de inúmeros outros sistemas operacionais livres. Desse sistema surgem várias distribuições como: Linux Educacional, Kurumin, Debian, etc.
A base filosófica do Software Livre refere-se à liberdade que o usuário tem de executar, distribuir, modificar e repassar as alterações. Essas quatro liberdades estão referendadas na seguinte idéia:
“O Software Livre surgiu baseado no conceito de liberdade, no qual as pessoas têm o direito garantido as quatro liberdades já mencionadas. Na visão filosófica do Software Livre, a liberdade não é um direito individual, é um direito coletivo e por isso deve ser mantido e passado de pessoa para pessoa. Além disso, a premissa de qualquer projeto de Software Livre é a colaboração entre as pessoas interessadas, sem concentração de poder ou de qualquer outro artifício que venha aferir as liberdades já mencionadas”. (CARTILHA DE SOFTWARE LIVRE, 2005, p.24)

Essa ideologia tem sido amplamente divulgada e serve como alicerce de muitos outros projetos de inclusão digital, não de apenas meros usuários adestrados, se pretende formar cientistas da tecnologia por explorarem o código fonte, criar aplicativos ou colaborar com os já existentes. É com essa visão que o governo brasileiro tem divulgado uma política de amplo uso do Software Livre em todo o país.
Como o Software Livre chegou ao território ireceense? Quem são os pioneiros aqui no sertão? Como tem se disseminado essa idéia?
Uma pesquisa de campo em diferentes espaços possibilitou um mapeamento e reflexões a cerca do Software Livre em Irecê. Visitamos empresas privadas e estatais, órgãos municipais, projetos de extensão da UFBA e conversamos com alguns técnicos autônomos.
No geral, percebemos que os técnicos, nas lojas que vendem ou utilizam o Software Livre, são pouco informados sobre o sistema operacional livre. Na verdade, as lojas utilizam um provedor livre, mas os seus aplicativos são proprietários. Segundo um técnico que presta serviço para uma dessas lojas, há mais segurança em relação à invasão no sistema e quase todos mencionam a imunidade a vírus. Apenas dois técnicos autônomos esclareceram que devido à baixa demanda de Software Livre no mercado é que os crackers não se interessaram, ainda, em desenvolver vírus e é por isso que podem ser colocados pen drives infectados e não atingir o sistema operacional livre; a questão é, não são compatíveis vírus e sistema, ou seja, não é uma questão de imunidade, como alguns se equivocam.
A empresa baiana, a Embasa, usa o Software Livre a quatro anos, embora ainda de maneira particionada. O técnico tem clareza em relação às quatro liberdades de Software Livre. Além do acesso ao código fonte, ele menciona como vantagem o baixo custo, a economia é significativa, envolve milhões, pois fica isenta das licenças que pagariam por um Software Proprietário original. Entretanto, percebe-se que, nas lojas, esse lucro é só para o empresário, visto que a maioria cobra o mesmo preço dos computadores, independentes do tipo de sistema operacional. Para quem compra o computador com Software Livre é incentivado a colocar o Proprietário, no qual o cliente paga mais R$ 40,00 a R$ 60,00 por fora a um técnico autônomo, para instalação de um Software Pirata. Ainda assim, segundo um vendedor, a cada cinco computadores vendidos, apenas um sai com Software Livre e às vezes ainda volta para migrar para o Software Proprietário, pois os computadores só têm instalado aplicativos que basicamente servem para ligar e desligar. A única desvantagem apontada pelo técnico da Embasa, foi a falta de programas que atendam a determinadas necessidades da empresa. Eles utilizam o distribuidor Open Suse.
Em relação à formação nesse campo tecnológico, fomos informados de que na Embasa (sede em Salvador) promovem pesquisas sobre o sistema operacional livre; como disse o técnico, eles respiram Software Livre. Um dos resultados dessas pesquisas é a preparação dos técnicos para atuarem nas filiais, nas quais são multiplicadores. Os novos estranham no início, visto que não fizeram parte do processo, mas é oferecida uma “reciclagem” anual, visando atender também a esses iniciantes, tanto no campo técnico, como da conscientização das políticas públicas voltadas para Software Livre. Embora o governo do Estado da Bahia esteja em parceria com o Software Proprietário essa empresa estadual adota o Software Livre, a empresa é beneficiada pelas políticas públicas federais, uma vez que fica isenta da licença pelo uso de softwares.
São ações como essas que fariam a diferença nas empresas privadas e em toda a população desta cidade, que já deu passos significativos na inclusão do Software Livre, sobretudo nos órgãos municipais em parceria com a UFBA. Não é em vão que o município ganhou em 2007 o selo UNICEF pela inclusão digital, em virtude da implantação do telecentro na comunidade.
O Software Livre é um bem, não apenas uma idéia. Na pesquisa de campo não encontramos alguém que tenha feito modificações no seu código fonte; por enquanto são apenas estudiosos, multiplicadores de saberes e distribuem livremente materiais relacionados ao Software Livre.
O projeto de extensão da Universidade Federal da Bahia foi o pioneiro na cidade de Irecê, com o Ponto de Cultura e o Tabuleiro Digital, que funcionam desde 2003. Estão ligados ao governo federal enquanto instituição e ao governo municipal enquanto parceria; possibilitando uma política pública em prol da inclusão digital na nossa comunidade.
Os responsáveis pelo Ponto de Cultura apontam diversas vantagens em usar o Software Livre, dentre elas, receber qualquer arquivo do Software Proprietário, poder mudar a extensão do ODT para DOC, e vice-versa; 99% de imunidade a vírus; liberdade de criação, enquanto o Software Proprietário, é só copiar e colar. A única desvantagem apontada por eles e pelos monitores dos infocentros é a resistência dos usuários. Inclusive quando os técnicos são solicitados para dar assistência, quase sempre às solicitações estão relacionadas a usuários que não sabem operar o sistema operacional livre. Portanto, eles aconselham o particionamento do HD, para que a migração seja feita aos poucos, possibilitando melhor adequação ao Software Livre. Isto nos oportuniza a experimentação e adaptação para posteriormente abandonar o particionamento e adotar totalmente o Software Livre.
Uma das ações realizadas pelo projeto é preparação de jovens como auxiliares técnicos. Durante o primeiro semestre de cada ano, certifica-se cinqüenta jovens, alguns ficam como voluntários no Tabuleiro Digital, e isso tem aberto oportunidades no mercado de trabalho. O monitor do infocentro da Escola Municipal Luis Viana Filho, é um exemplo. No segundo semestre formam-se turmas para conhecer, aprimorar o uso do Software Livre, atende a comunidade em geral, desde que saiba ler. Também, estenderam as ações à microrregião e extrapolaram o território ireceense, até Morro do Chapéu, dentre outras cidades. O bate-papo no Ponto de Cultura esclareceu alguns equívocos, como a idéia de que nos aplicativos os comandos são todos em inglês, dificultando o uso. Percebemos o equívoco a olho nu, vendo o nosso idioma, português, na tela. Outra confusão constante é a idéia de que livre é correspondente a grátis. Observe que a Cartilha de Software Livre destaca:
“O fato de se cobrar ou não pela distribuição ou pela licença de uso do software não implica diretamente ser o software livre ou não.
Nada impede que uma copia adquirida por alguém seja revendida, tenha sido modificada ou não pela pessoa.
Nada impede, também, que as alterações feitas num software para uso próprio sejam mantidas em segredo. Ninguém é obrigado a liberar suas modificações, se não quiser, porém se escolher fazê-lo, é obrigado a distribuir de maneira livre”. (CARTILHA DE SOFTWARE LIVRE, 2005, p.16)

Em Irecê já tramita na Câmara de Vereadores leis que visam a implantação do uso do Software Livre em todos os órgãos municipais, só faltam serem sancionadas. Por enquanto os únicos órgãos que aderiram totalmente ao sistema operacional livre foram a Escola Parque, Espaço UFBA e os projetos extensão da UFBA.
O infocentro da Escola Luis Viana Filho funciona há dois meses adotaram o sistema operacional livre com a distribuição Linux Educacional. A escola foi contemplada pelo Proinfo, projeto relacionado às políticas públicas federais, criadas pelo Ministério da Educação e Cultura em 1997. Os laboratórios do Proinfo foram adequados ao Software Livre, após o decreto de 29 de outubro de 2003. O infocentro recebe apoio do município, que oferece a internet velox. A única desvantagem apontada pelo monitor é a configuração da internet, pois o mesmo ainda não a domina, também reclama da falta de assistência do município, pois quando entra em contato com o coordenador para tirar dúvidas, o mesmo, o instruiu a entrar na rede e estudar. Assim, o monitor orgulha-se das horas dedicadas ao estudo, que reflete no seu crescimento profissional e pessoal. Espera ansioso por um encontro em Salvador relacionado a Software Livre o qual não especificou, mas o município custeará sua participação.
Apesar do pouco tempo de funcionamento, o infocentro já está realizando ações que promovem a inclusão digital com os educandos e educadores da escola. São direcionadas duas horas por semana para quatro turmas, com dez alunos, para fazerem curso de operacionalização dos aplicativos. O primeiro contato da maioria dos alunos com o computador, com a vantagem de não serem condicionados ao Software Proprietário. Um dia por semana, o infocentro fica à disposição dos professores. O monitor tira dúvidas deles, e verifica que a maior resistência é daqueles que já utilizam o Software Proprietário. Outros dois dias da semana são reservados para crianças do 4º e 5º ano do Ensino Fundamental, que não sabem ler convencionalmente; dentre eles há uma criança portadora de necessidade auditiva. Embora não esteja preparado para esse tipo de situação, percebe-se o enorme esforço dele para ajudar a todos.
Esse movimento não se limita à sede do município; no povoado de Itapicuru percebe-se não só o acolhimento humano, ao nos recepcionarem. Nessa comunidade escolar houve uma grande receptividade ao sistema operacional livre.
O monitor do infocentro teve o primeiro contato com o Software Livre logo após seu surgimento; foi um colega na graduação que lhe apresentou, ficou curioso e começou a estudar. Seu computador pessoal é particionado, o que significa que ainda usa o Software Proprietário por conta de alguns aplicativos. É pelo mesmo motivo que a escola ainda mantém um computador com o Software Proprietário. Não vê nenhuma desvantagem enquanto usuário, em relação ao sistema operacional livre, embora aponte como desvantagem para os usuários iniciantes a organização dos menus que em algumas distribuições são diferentes dos menus do Software Proprietário. Entretanto sabemos que se trata de sistemas operacionais diferentes no código fonte, e porque não nos menus?
Outra desvantagem citada foi à ausência de suporte para internet via rádio. Deduzimos que na verdade se trata das empresas de provedores de internet que não dão suporte para usuários de Software Livre, a exemplo da Holística, pois outros entrevistados confirmaram que é possível a utilização da internet via rádio. Enfim, nos causou confusão e despertou interesse, visto que moramos em um povoado (Angical), em que só há internet discada, ao tempo que nos faz pensar no quanto o Software Livre ainda não é aceito na sociedade.
A maior vantagem reconhecida pelo monitor está na legalidade, visto que muitos pirateiam devido ao alto custo da licença, que nível de consciência! Ainda mencionou que quase não há problemas, o único que houve até então foi resolvido por telefone segundo ele, se não tivesse a base que tem, não teria conseguido resolver o probleminha, essa falta de assistência leva alguns a não adotarem o Software Livre.
Tanto o monitor, quanto outros professores, estão desenvolvendo trabalhos didáticos com seus alunos, editam vídeos, postam em blogs, de fato promovem a inclusão digital, com uma vantagem: estão num campo virgem, é o primeiro contato dos educandos com o computador, não há estranhamento, pois não conheciam outro sistema operacional para fazer comparação.
O infocentro de Itapicuru está ligado às políticas federais, o Projeto Ripe, projeto de pesquisa da UFBA relacionado as políticas federais, o projeto direcionado para professores investigadores visando à popularização da ciência, conforme edital 008/2009 pela FAPESB promovido pelo Estado da Bahia e o PROINFO via federal, que possibilitou a aquisição de cinco computadores que funcionam com sistema Linux Educacional, o mesmo não há abertura para outro sistema. Depois conseguiram outro computador com verba dos demais projetos direcionados para professores investigadores e nesse instalaram outro sistema operacional Ubuntu, que se adapta melhor a aplicativos para edição de vídeos.
O que mais nos intrigou nessa visita a Itapicuru foi algumas semelhanças com a Escola Municipal de Angical, onde duas de nós lecionamos (Clébia e Rita Cácia), e ao mesmo tempo uma disparidade tão grande. Também fomos contemplados com o projeto Proinfo, entretanto essas máquinas estão paradas, pois temos um laboratório de informática, mas não temos internet. Segundo um funcionário da Holística só é necessária uma abaixo assinado com os interessados e uma intervenção de representante da prefeitura para eles colocarem uma torre e prover internet via rádio. Esperamos que com a lei nº15/2008 “Plano Diretor”, garanta de fato o acesso à internet conforme descrito no capítulo VIII, artigo 15, §II.
Nos foi cobrado por um dos membros do Ponto de Cultura a ativação dessas máquinas para uso dos programas educativos, entretanto não precisamos só de máquinas, é necessário também a formação dos professores para melhor exploração do Linux Educacional; outra demanda seria a contratação de mais um funcionário especifico para esse setor. Até temos vontade, uma das coisas que nos emperra é o medo de errar e precisar de assistência, ora pelo descaso, afinal o mesmo que nos cobra, nos deve uma visita à longa data e também pelo receio de como os técnicos irão nos encarar por não sabermos operar o sistema. Enfim, podemos fazer sucata do nosso computador, nesse caso estamos lidando com um bem público, a responsabilidade é dobrada. Não duvidamos da capacidade de descoberta dos nossos meninos, entretanto os professores não são os responsáveis pela chave da sala do laboratório.
O laboratório é um sonho para os educadores da escola, no ano anterior foi elaborado um projeto para ampliação da leitura e da escrita dos educandos por meio do blog, mas antes que se concretizasse, as duas lan houses da comunidade foram fechadas. A pergunta que não se cala é: Quais são os passos para termos de fato um laboratório informatizado em Angical?
Já são, em média, seis anos de Software Livre em Irecê, muito já foi feito, que se torna pequeno diante do que há pela frente. Alguns fizeram a migração por questões de consciência, por uma política pública em defesa da liberdade, outros, ainda por questões capitalistas, apenas para economizar, fortalecendo assim a discussão travada por autores brasileiros que comungam das mesmas idéias:
“Em geral, as relações de propriedade privada são caracterizadas por uma assimetria fundamental entre o proprietário e o restante da sociedade. O único detentor de direitos sobre o bem, nesse caso é o proprietário, que pode arbitrariamente excluir os outros de usar ou interagir com esse bem. No caso do rossio, ocorre justamente o oposto: há uma simetria relativa entre os usuários, os quais podem ser excluídos do acesso ao rossio por razoes não-discricionarias (isto é, por recargas gerais e objetivas, que se apliquem a todos e visem à sustentabilidade daqueles recursos). Dessa forma, as deliberações sobre o governo dos rossios – isto é, sobre como administra-los e regular seu acesso – são eminentemente políticas: afetam e interessam a um coletivo, e não a indivíduos isoladamente (e isso é particularmente relevante no caso dos rossios não-rivais, que são, em geral, amplos e abertos a adesões”. ( SIMON; VIEIRA, 2008, p. 25)

Não resta dúvida de que estamos diante de uma questão política, de privatização do conhecimento, o que parece irônico, mas não em um país em que a privatização, outrora, fora à bandeira de determinados governantes. Entretanto a liberdade relacionada ao desenvolvimento das TIC, não é uma questão brasileira, é mundial. Podemos nos orgulhar de que o atual governo brasileiro venha defendendo políticas públicas a favor do Software Livre.


REFERÊNCIAS:

CARTILHA DE SOFTWARE LIVRE. Salvador: projeto de software livre – Bahia, 2005.
IRECÊ. Plano Diretor Lei complementar 15/2008: Irecê, 2008.
SIMON, Imre; VIEIRA, Miguel Said. O rossio não-rival. In: PRETTO, Nelson De Luca; SILVEIRA, Sérgio Amadeu. Além das redes de cobranças: internet, diversidade cultural e tecnologia do poder. Salvador: EDUFBA, 2008.

sábado, 13 de junho de 2009

GECIN



O NOME DA ROSA

As diferentes linguagens nos colocam a frente de conceitos novos e um mundaréu de informações. Os GECINs têm contribuído para um amplo repertório de conhecimentos.
A questão da estética e as experiências fundamentais da poiseis, aisthesis e katharsis, acompanham as nossas discussões nos sábados pela manhã.
Com o filme O nome da rosa fizemos uma viagem pelo mundo medieval, que nos proporcionou além do conhecimento histórico, uma melhor percepção acerca da leitura fÍlmica. Desmistificou a idéia de que a personagem principal é sempre a protagonista. Nesta obra prima, por exemplo, a personagem principal é a Igreja Católica.

domingo, 31 de maio de 2009

Software Livre III


LIBERDADE...
O uso do software livre, implica o direito à liberdade, que não se resume a inclusão digital, é sobretudo um direito para o pleno exercício da cidadania, portanto as políticas públicas devem ser asseguradas tanto a nível federal, quanto a nível municipal.
No Município de Irecê já existe de direito a inclusão digital e o uso pleno do software livre, na lei complementar - Plano Diretor. Mas, para existir de fato é a sociedade civil que precisa se mobilizar. Vamos lá minha gente!

MEIO AMBIENTE

A LUTA PELA ÁGUA

A Barragem de Mirorós tem sido assunto de expeculação em toda a microrregião de Irecê, extima-se que em 2010, ficaremos sem água doce, a questão está em sirculação na rede.
É tema de preocupação, sobretudo para os usuários dessa fonte, precisamos rever nossos hábitos em relação ao consumo de água, embora a questão envolva outras particularidades, como as queimadas nas nascentes, além das questões econômicas daqueles que utilizam a barragem para irrigar. O poder público precisa agir rápido, considerando cada fator envolvido, não basta matar a cede, as pessoas precisam do pão também.
NÃO EXISTE O COLETIVO SEM AS PARTES...DÊ SUA CONTRIBUIÇÃO. CONSUMA COM RESPONSABILIDADE.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

GECIN

DICA DE UM BOM FILME

VIDAS SECAS, é uma obra fantástica que provoca reflexões profundas. Mergulhado na narrativa do silêncio, a câmera é quem fala. Mas filosoficamente podemos dizer que o silêncio também fala, aquele silêncio é uma denuncia das condições sociais brasileira que permeia a nossa sociedade desde a década de 30, quando Graciliano escreveu a obra com o mesmo titulo que insrirou Nelson Pereira na década de 60.
O filme de Nelson Pereira baseado na obra de Graciliano Ramos não foi em vão, o contexto que possibilita a compreensão dessa escolha. Na cinematografia, Glauber Rocha, na década de 60, dava o ponta pé no cinema novo, essa escola tinha os mesmo ideais da segunda fase do modernismo, a filosofia de ambos era a denuncia sócio-políticas brasileira. Nelson Pereira se afiliou ao cinema novo, enquanto Glauber Rocha gravava Deus e o Diabo na terra do sol, aqui na Bahia, em Pernambuco, ele gravava Vidas Secas, obras que se caracterizam pela ética na estética, em meio a um sistema político totalitário, tanto na década de 30, ditadura de Vargas, como na década de 60, já em clima de ditadura militar.

Software Livre II

REFLEXÕES SOBRE A PESQUISA DE CAMPO
A realização das entrevistas, ajudou a ter mais clareza do que está sendo realizada no municipio de Irecê, mas o que mais chama a atenção é a lei que está para promulgada na câmara de veriadores, essa determina que todos os órgãos públicos municipais terão que utilizarem o Software Livre. Isso denuncia o atraso da nossa consciencia, é preciso virar lei para de fato usar.
Apesar das ações realizadas pelo pessoal do Ponto de Cultura, ainda é pouco, precisa de um trabalho muito mais amplo. Um dos pontos focais talvez seja os vendedores... afinal, a propaganda é a alma do negócio, assim eles convenceriam os clientes, ao invés de desestimulá-los.

A crônica em sala de aula

CRONISTA EM IRECÊ

Professor Pedro Correa de Souza, licenciado em Letras e Filosofia pela USP, leciona há 23 anos, é cronista. Membro da Academia Ireceence de Letras. Já escreveu mais de 300 crônicas, as quais foram publicadas nos jornais A Tarde, Folha do Suburbio, Cultura e Realidade, mais dois jornais de São Paulo, que não mencionou o nome e algumas revistas.
Homem viajado, já morou na Europa, conhece todos os países da América do Sul, a única coisa que lamenta nas mudanças foi ter perdido o acervo das suas próprias crônicas, não consegue lembrar onde deixou a caixa com os recortes. O único recorte que tinha em casa foi o da crônica “O Perfil de Um Homem Intelectual” (cópia do recorte em anexo), é uma homenagem ao falecido amigo, Hermenito Dourado, um filho de Irecê que também foi homenageado pela Universidade Federal da Bahia, seu nome foi dado a biblioteca da UFBA. Segundo o cronita que teve essa crônica publicada no jornal A Tarde, esse não é o seu assunto predilato, costuma escrever sobre coisas do cotidiano. Seu estilo de escrita é erudita, do qual, diz que não consegue se desprender, entretanto mesmo falando da morte percebe-se a levesa da crônica, sobretudo no último parágrafo. O professor Pedro é admirador do renomado cronista brasileiro Rubem Braga, uma boa referência para qualquer cronista.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

PESQUISA – SOFTWARE LIVRE

VOCÊ SABIA?

  • “Que o software livre (S. L.), como o próprio nome indica, é livre de impostos, aberto a manipulação no seu código fonte”. Diz o técnico da Embasa.
  • “É um equivoco dizer que o S. L., está livre de vírus, na verdade o baixo nº de usuários, ainda não despertou o interesse para esse servidor”, segundo os técnicos autônomos.
  • Todos os entrevistados confirmam que: “o S. L. é um sistema operacional mais seguro”. Alguns acrescentam que “devido suas varias versões, a manipulação sobre os mesmos de acordo com as demandas das empresas/instituições, dificulta a invasão e acesso aos dados do usuário”.
  • Segundo o técnico da Embasa (Irecê), a empresa adotou o S. L. há 4 anos, por conta da segurança, menos probabilidade para vírus e sobretudo economia, ficam isentos dos impostos que pagariam por um software proprietário (S. P.).
  • Na sede da Embasa, investem em grupos de pesquisa sobre S. L., como disse o técnico, eles respiram S. L., o mesmo os chamou de universitários do S. L.. Esses preparam os demais técnicos que recebem a ‘coisa mastigada’ , dão assistência técnica na empresa e repassam informações para os demais funcionários, além disso oferecem uma ‘reciclagem’ anual, favorecendo os novos funcionários que ficam em choque no primeiro contato.
  • Segundo o técnico o uso do S. L. na Embasa foi um incentivo do Governo Federal em programas para esse sistema operacional.
  • Os técnicos falam que a dificuldade maior em usar o S. L., é que não há a aceitação de alguns aplicativos que adapte melhor as demandas da empresa.
  • Segundo um técnico de uma empresa provedora de internet, a assistência mais freqüente no sistema operacional livre estão relacionadas a placa Ralink RT 2561 para conectar internet via rádio.

  • Para dar assistência técnica aos usuários domestico, em especial, o maior desafio para o técnico é a falta de acesso a senha do usuário e do administrador, os quais, geralmente o cliente não lembra.
  • A maioria das empresas em Irecê que adotam o S. L., na verdade mantém um provedor livre, reservam uma maquina com o sistema operacional livre, a qual recebe o servidor linux, visto que esse não tem discagem, conecta direto, é mais seguro e com menor probabilidade para vírus, filtra as informações na rede. As demais maquinas continuam com o sistema operacional proprietário.
  • Segundo alguns técnicos eles parcionam seus PC pessoais, para estudarem, se atualizarem no S. L., porém a demanda no mercado é tão baixa, que quando surgi a necessidade de dar suporte técnico, às vezes agendam para o dia seguinte, pois precisam relembrar informações técnicas, enquanto isso conseguem da suporte técnico até pelo telefone ao S. P.