sexta-feira, 21 de novembro de 2008

OFICINA DA PALAVRA ESCRITA

DISCURSO SOLENE À PALAVRA

Srª, melhor, stª, não, não, exmª, que nada, a intimidade me permite simplesmente – palavra...
Nossa homenagem é para todas, palavrinhas, palavras, palavrões, sem distinção de personalidade – azedas e doces, livres e prisioneiras, alegres e tristes, todas, todas, exceto o preconceito, e se ele aparecer vem logo a negação para dizer NÃO.
A palavra esta sendo homenageada pela constante visita que faz na vida de cada um dos homenageadores do ciclo um – são palavras soltas, palavras empilhadas, palavras em fila, palavras desenhadas, palavras em ritmo diferente da falada no dia-a-dia, essa é a menina poesia.
E para aqueles que tem medo da palavra, Pedro Bandeira manda um recado:
“Lá na rua que eu pensava
tinha uma livraria
bem do lado da farmácia.
Todo mundo ia a farmácia
Comprar frascos de saúde.
E depois ia ao lado,
Pra comprar a liberdade.”
A PALAVRA!

OBRIGADO ÀS PALAVRAS!!!

OFICINA DA PALAVRA ESCRITA

ESCRITA E ESCOLA

Inicialmente repetirei o questionamento de Kramer (2000): “na escola há lugar de escrever para ler e ser lido ou tão somente para ser corrigido?”
Maldita utilidade da língua! Nos últimos anos observamos que as políticas públicas, tem provido programas justamente para enfatizar a utilidade da língua – PROFA, PCNs em ação, Capacitar, dentre outros. O discurso é o mesmo, a escrita tem que ter uma funcionalidade. Na tentativa de torná-la funcional é que se tem criado uma nuvem negra em torno da mesma, tornando a escrita um ato que causa dor, medo, angustia, isolamento e à medida que amadurecemos esses sentimentos se tornam mais fortes. Percebo isso, com os alunos de 5ª a 8ª série do ensino fundamental da escola que leciono, (há quatro anos com essas turmas), nas duas primeiras séries, eles preferem ler suas próprias escritas, já nas duas séries finais, eles não gostam de expor suas escritas, preferindo ler em público os autores renomados. Qual minha parcela de contribuição para este fato?
A nota acaba sendo a real motivação da efetiva participação dos educandos nas atividades. Seria essa a funcionalidade? A pergunta deles é sempre a mesma – vale quanto professora? Ou simplesmente, é pra nota?
Esse é um dilema enraizado no meio escolar, quando o professor escreve, escreve para que, ou para quem? Exigência da coordenação, relatórios, meras burocracias que vão para gaveta. Agora sou obrigada a dar as mãos à palmatória, pois os programas mencionados a pouco, tinham como metodologia à escrita em cadernos de registro individuais e coletivos, não como instrumentos de fiscalização, mas como uma documentação para a reflexão sendo este ponto de vista expresso no guia do formador do PROFA (2001)
“A reflexão por escrito é um dos mais valiosos instrumentos para aprendermos quem somos nós – pessoal e profissionalmente – sobre a nossa prática como educadores, porque favorece a tematização do trabalho realizado e do processo de aprendizagem, o desenvolvimento da competência de escrita, a sistematização dos saberes adquiridos e o uso da escrita como ferramenta para o crescimento profissional.”

Porém quando chega na ‘ponta’ a idéia é equivocada, o professor deixa de escrever para si e passa a escrever para o outro, mera obrigação do oficio.
Escrevo para organizar as idéias, creio que a palavra falada é fugaz, a escrita documenta, memoriza. Possibilita a reescrita seja da minha, da tua, da nossa história. Reporto as palavras de Clarice Lispector (in: Guia do PROFA, 2000):“Escrevo porque à medida que escrevo vou me entendendo e entendo o quero dizer, entendo o que posso fazer. Escrevo porque sinto necessidade de aprofundar as coisas, de vê-las como realmente são...”
Escrever nem sempre é prazeroso, às vezes, como diz o poeta é semelhante a carregar água em peneira ou como diria Warschauer( ) “escrever é um exercício de vida e morte”, já faz parte de mim, escrevo para meu bel prazer.
Entretanto sinto-me de orelhas puxadas com as palavras de Kramer (2000)
“Defendo a idéia de que para subverter os caminhos que prendem e moldam as palavras, através das formas de ensino praticadas na escola, a escrita precisa ser vista e trabalhada na escola como uma produção que não é útil, que não escreve para nada, pois – não servindo – nunca correrá o risco de ser servil.”

A pergunta que não se cala é: como realizar um trabalho com os alunos que os encoraje a produção escrita e a leitura da mesma? Essas breves linhas escritas cutucaram-me à investigação do assunto em questão.

GEAC

FORMAÇÃO E MEMORIAL


A memória é como uma peça de museu, quanto mais velha (madura), mais valorizada ela é. A valorização das memórias humaniza cada individuo, que deixa de ser apenas um individuo, passa a ser um todo... Isso é fascinante!
Tenho uma velha opinião formada sobre “tudo”, mas me disponho a ser uma metamorfose ambulante...Embora neste momento, minha opinião continua sendo a mesma da primeira versão deste texto.
O debate trouxe questões que dão panos para mangas, sobretudo em relação ao ato de escrever, o medo é o bicho-papão dos cursistas, medo esse que tem levado vários estudiosos a escrever sobre o tema, por exemplo, Freire (1996), diz: “mas escrever, registrar, refletir não é fácil... dá muito medo, provoca dores e até pesadelos. A escrita compromete. Obriga o distanciamento do produtor com o seu produto. Rompe a anestesia do cotidiano alienante.”
Cecília Warschauver (in: Freire, 1996), fala do medo de forma poética, porém intensa:


Por que exigir tão pouco de mim?
Por que um diário tão fraco?
Por que dormi tanto por noite?
Por que esta sempre pondo a culpa na falta de tempo?
Será que não é uma saída mais fácil?
É novamente o MEDO!
Medo de criar
Medo da responsabilidade
Medo de sofrer
Medo de brigar
Medo de levantar a voz para as crianças
Medo de tocá-las
Medo de ser EU mesma do jeito que sou.

O que afinal produziu esse monstruoso medo?
No nosso histórico como alunos, a nota acabava sendo a real motivação da efetiva participação nas atividades de leitura e escrita. Seria essa a funcionalidade?
Esse dilema ficou enraizado no meio escolar, quando o professor escreve, escreve para que, ou para quem? Exigência da coordenação, relatórios, meras burocracias que vão para gaveta. Os programas elaborados pelo MEC tinham como metodologia à escrita em cadernos de registro individuais e coletivos, não como instrumentos de fiscalização, mas como uma documentação para a reflexão sendo este ponto de vista expresso no guia do formador do PROFA (Programa de Formação de Professores Alfabetizadores, 2001)

“A reflexão por escrito é um dos mais valiosos instrumentos para aprendermos quem somos nós – pessoal e profissionalmente – sobre a nossa prática como educadores, porque favorece a tematização do trabalho realizado e do processo de aprendizagem, o desenvolvimento da competência de escrita, a sistematização dos saberes adquiridos e o uso da escrita como ferramenta para o crescimento profissional.”

Porém quando chega na ‘ponta’ a idéia é equivocada, o professor deixa de escrever para si e passa a escrever para o outro, mera obrigação do oficio. Como foi dito no debate esses cursos não causaram impacto, como a formação superior está causando, desconfiada, perguntei ao grupo: se o curso fosse interrompido agora, quem continuaria escrevendo o diário? – ninguém – portanto o que causa impacto ainda é a avaliação. Mais assustador ainda são os relatos acerca dos colegas egressos, a escrita não incorporou no cotidiano de alguns, embora tenham obtido o diploma, levando-nos a questionar: será que é apenas um sonho acreditar que fará a diferença no nosso caso? O futuro nos pertence... Mas a maior dificuldade no momento vai além da tematização da prática, precisamos relacionar a parte com o todo, todos estão no seu mundinho querendo se achar no cenário mundial. Além disso, há alguns, ainda se referindo a narração como descrição, não reconhecem, essa, como uma das características da narração.
Escrevo para organizar as idéias, creio que a palavra falada é fugaz, a escrita documenta, memoriza. Possibilita a reescrita seja da minha, da tua, da nossa história. Reporto as palavras de Clarice Lispector (in: Guia do PROFA, 2000): “Escrevo porque à medida que escrevo vou me entendendo e entendo o quero dizer, entendo o que posso fazer. Escrevo porque sinto necessidade de aprofundar as coisas, de vê-las como realmente são...”
Escrever nem sempre é prazeroso, às vezes, como diz o poeta é semelhante a carregar água em peneira ou como diria Warschauer (in: Freire, 1996) “escrever é um exercício de vida e morte”, já faz parte de mim, escrevo para meu bel prazer.

REFERÊNCIAS:

FREIRE, Madalena. Observação, registro, reflexão instrumentos metodológicos. 2ª ed. São Paulo: Artcolor, 1996.
SOLIGO, Rosaura; SOLIGO, Angélica (org.). Programa de Professores Alfabetizadores: guia de orientações metodológicas gerais.Brasília: Ministério da Educação, Secretaria da Educação Fundamental, 2001.