quarta-feira, 2 de junho de 2010

O QUE É INTELIGÊNCIA?


A oficina Modos de Aprender II, foi instigadora. Refletimos sobre a complexidade do ensino e da aprendizagem. Sendo a didática uma ciência que tem como laboratório a sala de aula, ela se sustenta em três pilares – psicológico, sociológico e antropológico. Na atividade Modos de Aprender I consideramos o viés psicológico com os pensadores Piaget e Vygotsky, em Modos de Aprender II, a discussão foi voltada para as questões sociológicas e o pensador convidado foi Bourdieu.


Uma das grandes defesas de Bourdieu foi à teoria da reprodução, na qual defende as ideias do capital social e cultural como responsáveis pela violência simbólica, ou seja, a criança que pertence a uma classe social econômica inferior, a qual tem habitus diferentes daqueles que compõem o topo da pirâmide econômica, são educados segundo os habitus destes últimos, pois são os que foram eleitos como modelo. Gera-se uma reação na base, por terem o seu capital cultural negado e não conseguir se adaptarem ao que é imposto às vezes reagem por se rebelarem, ora com a força física, ora com a indiferença, contra os que representam a instituição em que estudam.


Mais concretamente, Bourdieu observa que a comunicação pedagógica, tal como realizada tradicionalmente na escola, exige implicitamente, para seu pleno aproveitamento, o domínio prévio de um conjunto de habilidades e referências culturais e linguísticas que apenas os membros das classes mais cultivadas possuíam. (NOUGUEIRA, NOUGUEIRA, 2002, p. 30)


Partindo dessa observação afirma-se que quem está base nunca chegará ao status do conhecimento daqueles que se encontram no topo, por mais que se esforcem. Essa afirmação me intriga, pois o próprio Bourdieu é um exemplo de possibilidade contrária ao que ele defendeu, ele é de origem da base da pirâmide econômica, entretanto chegou ao status intelectual da elite.


Interessante, considerando que nós professores de ensino fundamental em escola pública, estamos lá pela segunda camada da pirâmide econômica, isto é, temos os mesmo habitus dos nossos alunos, entretanto queremos educá-los de acordo com o capital cultural dos que se encontram no topo. Ou seja, violentamos nossos alunos na mesma medida em que somos simbolicamente violentados. Quanta alienação!


Para me deixar mais intrigada as múltiplas inteligências perpassam pela questão genética, como mostra a metáfora da janela. Nascemos com várias janelas, algumas escancaradas, abertas, ente abertas, fechadas e outras ainda lacradas. O ambiente em que crescemos possibilitará a abertura de todas as janelas, ou não. Sendo assim, se a minha janela musical é escancarada posso aprender a ser musico quer na base da pirâmide econômica ou no seu topo, principalmente partindo do princípio de que as instituições escolares têm como modelo o topo, o que se subentende que haverá as mesmas condições de aprendizagens para ambas as crianças. O que é inquestionável nessa discussão é que quanto mais janelas abrimos e quanto mais elas interagem entre si mais inteligente nos tornamos.

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