sábado, 5 de junho de 2010

GELIT - Anarquistas, graças a Deus

Anarquista, graças a Deus é o quarto GELIT que participei no curso de pedagogia – UFBA/Projeto Irecê. Os estudos das obras literárias em si contribuem para minha formação leitora. Embora já tivesse o hábito da leitura prazerosa, é diferente de uma leitura dialogada – uma tertúlia literária – amplia a compreensão da obra e aprende-se da experiência do outro como leitor.
Zélia Gattai ao contar suas memórias, fascina pela leveza com que relata fatos históricos e a sutileza com que os interpretam a partir dos ideais anarquistas da sua família. O pano de fundo da obra são esses ideais e ao mesmo tempo o anarquismo é o fio condutor de toda trama que perpassa a imigração da Itália ao Brasil e as raízes genealógicas de Zélia até sua adolescência, contadas de forma não linear, mas coerentes.
Talvez alguns encarem a iniciação de Zélia como escritora, tardia. Apesar de não ser mais uma jovenzinha ao escrever seu primeiro livro - Anarquista, graças a Deus, ela conseguiu deixar um enorme legado para a literatura brasileira, sobretudo em relação a obras memorialística.
Considero esse gênero textual – memórias – complexo. Como diz Lucena (1999 p.81 apud PASSEGI 2006) “lembrar é muito mais uma atividade do presente do que apenas deslocar para o presente fatos já vividos. Rememorar não é o mesmo que viver novamente o passado, pois depende da releitura do sujeito que a produz [...]”. Para escrever o memorial mesmo tendo vivido a própria história, é complexo usar a linha condutora – formação – para interligar o contexto pessoal, local e global. Lembrando que não basta ter vivido na época de determinado acontecimento é necessário fazer parte do meu mundo, a minha esfera de presença de ser precisa ser ampliada para garantir uma releitura e uma boa costura. O GELIT contribuiu não só para relembrar fatos marcantes da minha história, mas também, em relação ao estilo de escrita não linear, em tópicos e sobre tudo coerente.

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