domingo, 31 de outubro de 2010

SÍNTESE: AS TIC NA EDUCAÇÃO


Com o advento da comercialização da internet ocorreram muitas transformações sociais, as quais perpassam pelo âmbito da educação escolar. Segundo pesquisa realizada por Rosane Albuquerque dos S. Abreu essa popularização mexe com o cotidiano escolar, sobretudo na relação professor, aluno e a produção do conhecimento.

Para muitos professores o novo causa medo ao mesmo tempo em que lamentam a perda do poder sobre os conteúdos que hierarquicamente detinham até em tão, visto que, seus alunos estão anos luzes à frente no manuseio da máquina e a curiosidade pelo novo, de modo
que suas percepções neste ambiente possibilitam maior agilidade em fazer inúmeros links, afinal são nativos na/da rede.

Os professores pesquisados alegam que estão sob a pressão mercadológica, a pressão dos pais e a pior pressão de todas – a pressão dos alunos. A garotada quer atividade relacionada ao mundo deles, alegam alguns docentes, porém não admite a inversão de papéis na hierarquia do saber, obedecendo a concepções de ensino e aprendizagem que defendem o professor como detentor do saber. Agora é a vez da meninada nos ensinar!

Vivemos novos tempos, portanto novos espaços. Carla Imenes trata desses dois termos paralelamente – tempo/espaço. Lembra que, na concepção medieval o espaço aparece como algo dicotômico, portanto qualitativo. Na perspectiva da modernidade o espaço é visto de maneira linear e o tempo uniforme e nega o sujeito, pois o mesmo não interfere no seu transcorrer. Ambas as concepções não supri as necessidade atuais, pois a autora partiu do princípio de que um mesmo local constitui múltiplos espaços ao mesmo tempo, daí o termo tempo/espaço.

"Neste sentido, utilizamos o termo tempo/espaço para representar as relações intrínsecas entre os múltiplos espaços e tempo do cotidiano escolar, com o intuito de pensar que usos as pessoas fazem das diferentes tecnologias e que redes de saberes são formadas nos processos múltiplos e distintos que se estabelecem dentro das inúmeras interpretações que os sujeitos criam e recriam – em seus contatos cotidianos com os outros e com os instrumentos tecnológicos – tecem, destecem e retecem, nos espaços e tempos escolares". (IMENES, 2002, p. 118)

O tecer, destecer e retecer da tecnologia nas escolas em muito vai depender das concepções de ensino e aprendizagem dos docentes, pois os mesmos correm o risco de se instrumentalizarem com todo o aparato maquinário que existe disponível no mercado, entretanto continuar na mesmice.

É necessária a politização do docente para perceber as relações de poder que vão sendo estabelecidas dentro da escola – quem tem acesso às máquinas? Quem e como é decidido o seu uso? Facilmente elas podem se transformarem em mobiliaria para enfeitar a escola e também denunciarem as intenções do docente em deter o saber em suas mãos, portanto

"Nas práticas cotidianas, professores e alunos produzem histórias singulares e imprevistas, vão experimentando, readequando e modificando, por meio da criatividade, as diversas tecnologias. Os usuários ou receptores não as recebem de forma passiva e homogênea. Cada um vai ressignificando, de acordo com as possibilidades, os limites, os interesses e os valores presentes (ocultos) nas múltiplas e complexas lógicas do cotidiano". (IMENES, 2002, p. 120)

Portanto mais do que aprender a técnica, faz-se necessário aprender a otimizar o uso da tecnologia e também, não utilizar a falta dela como pretexto para desqualificar a aula/aprendizagem. Pois a ênfase deve ser nas relações estabelecidas com a tecnologia, não com o objeto. É nessa perspectiva que Imenes defende o conhecimento-emancipação, pelo viés da racionalidade estético-expressiva, ou seja, professores e alunos utilizam as tecnologias como meio para potencializar as ações coletivas, todos os sujeitos envolvidos têm voz – alunos e professores, em uma relação horizontalizada.

REFERÊNCIAS:
ABREU, Rosane Albuquerque dos S. "Cabeças digitais" um motivo para revisões na prática docente.São Paulo: Loyola, 2006.

IMENES, Carla. Os espaços/tempos do cotidiano escolar e os usos das tecnologias. in: LEITE, Márcia; FILÉ, Valter (orgs.). Subjetividade, tecnologias e escolas. Rio de Janeiro: DS&A, 2002.

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