quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

GEO DOS CONTOS



ANÁLISE DO CONTO TANGERINE GIRL DE RACHEL DE QUEIROZ

O conto Tangerine Girl foi escrito no final da década de 40 por Raquel de Queiroz, nesse período a autora morava no Rio de Janeiro e tornou-se jornalista/cronista exclusiva da revista O Correio.
Nesta mesma década, Rachel de Queiroz se afasta da esquerda ao se decepcionar com a notícia de que uma picareta de quebrar gelo, por ordem de Stalin, havia esmigalhado o crânio de Trótski o mundo estava em guerra, II Guerra Mundial. Na década anterior ela ajudou a fundar o PC cearense, em sua terra natal. Logo depois, em 1932, seu segundo Romance – João Miguel – é barrado pelo partido comunista, pois no livro um operário mata outro, ela rompe com o partido alegando que o mesmo não tinha autoridade para julgá-la. Em 1937 seus livros tinham sido queimados em Salvador - BA, juntamente com os de Jorge Amado, José Lins do Rego e Graciliano Ramos, sob a acusação de ser subversivos, isso aconteceu sob o decreto do Estado Novo.
Faço essa retomada histórica para compreendermos como o cenário político compõe o ser Raquel de Queiroz e seus escritos até o final da década de 30, esse rompimento político influenciará uma nova etapa no estilo de escrita da autora, ou seja, de revolucionária política passa escrever crônicas sobre costumes, o conto Tangerine Girl é influenciado por essa nova fase da escrita.
O conto Tangerine Girl é ambientado no Rio Grande do Norte, onde se localizava a base aérea Norte Americana, foi um período pós II Guerra Mundial, na qual, o Brasil apoiou os EUA. O texto retrata o impacto que a presença dos soldados americanos teve nas famílias que residam próximo à base. Algumas garotas depositaram nesses rapazes a esperança de um casamento com direito a ascensão social, entretanto a maioria deles só queriam uma aventura, inspirados no imaginário americano sobre as mulheres latinas americanas, a partir da atriz de cinema Dorothy Lamour que em 1937 ganhou o mundo com as pernas à mostra.
Tangerine Girl, embora ainda uma menina, retrata o padrão de comportamento feminino que se esperava das mulheres na época, frágil, responsável pelos afazeres domésticos e com a sexualidade reprimida. Padrão esse que ainda é presente na sociedade atual.

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