– FORMAÇÃO E MEMORIAL
A memória é como uma peça de museu, quanto mais velha (madura), mais valorizada ela é. A valorização das memórias humaniza cada individuo, que deixa de ser apenas um individuo, passa a ser um todo... Isso é fascinante!
Tenho uma velha opinião formada sobre “tudo”, mas me disponho a ser uma metamorfose ambulante...Embora neste momento, minha opinião continua sendo a mesma da primeira versão deste texto.
O debate trouxe questões que dão panos para mangas, sobretudo em relação ao ato de escrever, o medo é o bicho-papão dos cursistas, medo esse que tem levado vários estudiosos a escrever sobre o tema, por exemplo, Freire (1996), diz: “mas escrever, registrar, refletir não é fácil... dá muito medo, provoca dores e até pesadelos. A escrita compromete. Obriga o distanciamento do produtor com o seu produto. Rompe a anestesia do cotidiano alienante.”
Cecília Warschauver (in: Freire, 1996), fala do medo de forma poética, porém intensa:
A memória é como uma peça de museu, quanto mais velha (madura), mais valorizada ela é. A valorização das memórias humaniza cada individuo, que deixa de ser apenas um individuo, passa a ser um todo... Isso é fascinante!
Tenho uma velha opinião formada sobre “tudo”, mas me disponho a ser uma metamorfose ambulante...Embora neste momento, minha opinião continua sendo a mesma da primeira versão deste texto.
O debate trouxe questões que dão panos para mangas, sobretudo em relação ao ato de escrever, o medo é o bicho-papão dos cursistas, medo esse que tem levado vários estudiosos a escrever sobre o tema, por exemplo, Freire (1996), diz: “mas escrever, registrar, refletir não é fácil... dá muito medo, provoca dores e até pesadelos. A escrita compromete. Obriga o distanciamento do produtor com o seu produto. Rompe a anestesia do cotidiano alienante.”
Cecília Warschauver (in: Freire, 1996), fala do medo de forma poética, porém intensa:
Por que exigir tão pouco de mim?
Por que um diário tão fraco?
Por que dormi tanto por noite?
Por que esta sempre pondo a culpa na falta de tempo?
Será que não é uma saída mais fácil?
É novamente o MEDO!
Medo de criar
Medo da responsabilidade
Medo de sofrer
Medo de brigar
Medo de levantar a voz para as crianças
Medo de tocá-las
Medo de ser EU mesma do jeito que sou.
O que afinal produziu esse monstruoso medo?
No nosso histórico como alunos, a nota acabava sendo a real motivação da efetiva participação nas atividades de leitura e escrita. Seria essa a funcionalidade?
Esse dilema ficou enraizado no meio escolar, quando o professor escreve, escreve para que, ou para quem? Exigência da coordenação, relatórios, meras burocracias que vão para gaveta. Os programas elaborados pelo MEC tinham como metodologia à escrita em cadernos de registro individuais e coletivos, não como instrumentos de fiscalização, mas como uma documentação para a reflexão sendo este ponto de vista expresso no guia do formador do PROFA (Programa de Formação de Professores Alfabetizadores, 2001)
Por que um diário tão fraco?
Por que dormi tanto por noite?
Por que esta sempre pondo a culpa na falta de tempo?
Será que não é uma saída mais fácil?
É novamente o MEDO!
Medo de criar
Medo da responsabilidade
Medo de sofrer
Medo de brigar
Medo de levantar a voz para as crianças
Medo de tocá-las
Medo de ser EU mesma do jeito que sou.
O que afinal produziu esse monstruoso medo?
No nosso histórico como alunos, a nota acabava sendo a real motivação da efetiva participação nas atividades de leitura e escrita. Seria essa a funcionalidade?
Esse dilema ficou enraizado no meio escolar, quando o professor escreve, escreve para que, ou para quem? Exigência da coordenação, relatórios, meras burocracias que vão para gaveta. Os programas elaborados pelo MEC tinham como metodologia à escrita em cadernos de registro individuais e coletivos, não como instrumentos de fiscalização, mas como uma documentação para a reflexão sendo este ponto de vista expresso no guia do formador do PROFA (Programa de Formação de Professores Alfabetizadores, 2001)
“A reflexão por escrito é um dos mais valiosos instrumentos para aprendermos quem somos nós – pessoal e profissionalmente – sobre a nossa prática como educadores, porque favorece a tematização do trabalho realizado e do processo de aprendizagem, o desenvolvimento da competência de escrita, a sistematização dos saberes adquiridos e o uso da escrita como ferramenta para o crescimento profissional.”
Porém quando chega na ‘ponta’ a idéia é equivocada, o professor deixa de escrever para si e passa a escrever para o outro, mera obrigação do oficio. Como foi dito no debate esses cursos não causaram impacto, como a formação superior está causando, desconfiada, perguntei ao grupo: se o curso fosse interrompido agora, quem continuaria escrevendo o diário? – ninguém – portanto o que causa impacto ainda é a avaliação. Mais assustador ainda são os relatos acerca dos colegas egressos, a escrita não incorporou no cotidiano de alguns, embora tenham obtido o diploma, levando-nos a questionar: será que é apenas um sonho acreditar que fará a diferença no nosso caso? O futuro nos pertence... Mas a maior dificuldade no momento vai além da tematização da prática, precisamos relacionar a parte com o todo, todos estão no seu mundinho querendo se achar no cenário mundial. Além disso, há alguns, ainda se referindo a narração como descrição, não reconhecem, essa, como uma das características da narração.
Escrevo para organizar as idéias, creio que a palavra falada é fugaz, a escrita documenta, memoriza. Possibilita a reescrita seja da minha, da tua, da nossa história. Reporto as palavras de Clarice Lispector (in: Guia do PROFA, 2000): “Escrevo porque à medida que escrevo vou me entendendo e entendo o quero dizer, entendo o que posso fazer. Escrevo porque sinto necessidade de aprofundar as coisas, de vê-las como realmente são...”
Escrever nem sempre é prazeroso, às vezes, como diz o poeta é semelhante a carregar água em peneira ou como diria Warschauer (in: Freire, 1996) “escrever é um exercício de vida e morte”, já faz parte de mim, escrevo para meu bel prazer.
REFERÊNCIAS:
FREIRE, Madalena. Observação, registro, reflexão instrumentos metodológicos. 2ª ed. São Paulo: Artcolor, 1996.
SOLIGO, Rosaura; SOLIGO, Angélica (org.). Programa de Professores Alfabetizadores: guia de orientações metodológicas gerais.Brasília: Ministério da Educação, Secretaria da Educação Fundamental, 2001.
Porém quando chega na ‘ponta’ a idéia é equivocada, o professor deixa de escrever para si e passa a escrever para o outro, mera obrigação do oficio. Como foi dito no debate esses cursos não causaram impacto, como a formação superior está causando, desconfiada, perguntei ao grupo: se o curso fosse interrompido agora, quem continuaria escrevendo o diário? – ninguém – portanto o que causa impacto ainda é a avaliação. Mais assustador ainda são os relatos acerca dos colegas egressos, a escrita não incorporou no cotidiano de alguns, embora tenham obtido o diploma, levando-nos a questionar: será que é apenas um sonho acreditar que fará a diferença no nosso caso? O futuro nos pertence... Mas a maior dificuldade no momento vai além da tematização da prática, precisamos relacionar a parte com o todo, todos estão no seu mundinho querendo se achar no cenário mundial. Além disso, há alguns, ainda se referindo a narração como descrição, não reconhecem, essa, como uma das características da narração.
Escrevo para organizar as idéias, creio que a palavra falada é fugaz, a escrita documenta, memoriza. Possibilita a reescrita seja da minha, da tua, da nossa história. Reporto as palavras de Clarice Lispector (in: Guia do PROFA, 2000): “Escrevo porque à medida que escrevo vou me entendendo e entendo o quero dizer, entendo o que posso fazer. Escrevo porque sinto necessidade de aprofundar as coisas, de vê-las como realmente são...”
Escrever nem sempre é prazeroso, às vezes, como diz o poeta é semelhante a carregar água em peneira ou como diria Warschauer (in: Freire, 1996) “escrever é um exercício de vida e morte”, já faz parte de mim, escrevo para meu bel prazer.
REFERÊNCIAS:
FREIRE, Madalena. Observação, registro, reflexão instrumentos metodológicos. 2ª ed. São Paulo: Artcolor, 1996.
SOLIGO, Rosaura; SOLIGO, Angélica (org.). Programa de Professores Alfabetizadores: guia de orientações metodológicas gerais.Brasília: Ministério da Educação, Secretaria da Educação Fundamental, 2001.
Um comentário:
como você escreve delicioso viu!
Estou aprendendo legal com suas produções. As citações que insere nos textos me leva a buscar outros ricos textos para poder inteirar-me do que realmente defende.
Tudo que fazemos é fundamental quando temos retorno, talvez por isso escrever por escrever não tem tanta emoção e nem atração. Os escritores renomados escrevem porque sabem que vão ter retorno, pois tantos outros vão ler com o objetivo de tentar passar para outros e outros que precisam de uma indicação para leitura. Leio e escsrevo porque gosto, mas leio e escrevo aquilo que gosto, aquilo com que me identifico. Terminar um curso de pedagogia e não adquirir um hábito saudável de leitura e escrita é dizer que fez um curso em troca do canudo. Temos tantos e tantos que cursaram e não despertaram esse bom hábito,talvez porque não perderam o medo, não deixaram de sentir dor ou até mesmo se intimidaram com a escrita de outros.
Sinto a firmeza de uma boa leitora nos seus textos, aquela que aprecia, acaricia e também endurece as palavras com aquele(s) que faz de conta de ser universitário, que demagogia o curso que cursa e até aqueles que admitem escrever e ler porque sentem a cobrança a todo instante.
Não tem nada melhor que fazer as coisas com gosto de fazer. Sinto esse gosto em você Rita.
Do aprendiz sempre,
Gervásio Mozine
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